O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, acompanhou, nesta quinta-feira (27), o embarque para exportação do primeiro lote de lítio verde, extraído no Vale do Jequitinhonha, na região nordeste de Minas Gerais. O evento ocorreu no Porto de Vitória. O mineral é essencial para produção de baterias, ligas metálicas, dispositivos médicos e produção de fármacos, entre outras aplicações. O destaque é para a fabricação de baterias de longa duração que equipam veículos elétricos, indústria que vem sendo impulsionada pela transição energética.
A remessa enviada nesta quinta-feira para a empresa chinesa Yahua reúne 15 mil toneladas de lítio de alta pureza e 15 mil toneladas de rejeitos ultrafinos. Até o final do ano, a estimativa de exportação é de cerca de 130 mil toneladas.
O insumo tecnológico pré-químico de lítio foi produzido pela empresa brasileira Sigma Lithium e foi batizado de lítio verde pois a planta de exploração do material não possui barragem de rejeitos. Além disso, a empresa recicla a água utilizada na etapa de purificação do lítio, que não envolve agentes químicos. Os rejeitos são empilhados a seco e também são comercializados para a recuperação dos minerais residuais.
A operação é considerada estratégica para toda a cadeia de insumos de transição energética, de fontes sustentáveis, além de aumentar o valor agregado do produto. Em maio, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o governo de Minas Gerais anunciaram o lançamento do projeto Vale do Lítio, em Nova York, com o objetivo de atrair investimentos internacionais na região.
O lítio verde triplo zero ( (zero carbono, zero rejeitos e zero químicos nocivos) produzido no Vale do Jequitinhonha representa uma nova era na indústria mundial de insumos para baterias de veículos elétricos: o pioneirismo do produto brasileiro “verde” viabiliza a neutralidade de carbono a ser atingida pelos fabricantes de baterias de veículos elétricos, atualmente produzidas em mais de 100 grandes fábricas no Japão, Coreia do Sul, China e Estados Unidos, atendendo a uma demanda global significativa de mais de 12 milhões de veículos elétricos projetada para 2024.
Para atingir o padrão triplo zero, a Sigma Lithium desenvolveu processos industriais verdes por meio da utilização de tecnologias de última geração para a produção e beneficiamento do lítio, com processos benignos ao meio ambiente, como:
- A separação por meio denso, que dispensa o uso de químicos nocivos na industrialização do lítio
- A utilização de água com qualidade de esgoto no processo industrial, e reaproveitamento integral desta água
- A inovação e desenvolvimento de tecnologia de secagem e empilhamento a seco de rejeitos
- Reciclagem integral dos rejeitos, com a venda do Subproduto Verde Triple Zero e a utilização do cascalho para a pavimentação das estradas rurais de terra das comunidades do Vale do Jequitinhonha
- Utilização de energia 100% renovável na operação industrial.
“Esse lítio representa o Brasil no mundo e define nosso país como território produtor líder ambiental de insumo tecnológico industrial de lítio. O Brasil muda de patamar no setor e passa a ser o novo paradigma global de sustentabilidade socioambiental dentro das cadeias globais de fornecimento de insumos para baterias de veículos elétricos: estabelecemos nossa imagem de nação produtora com consciência ambiental e inovação tecnológica de ponta, inovando no primeiro módulo de planta de empilhamento a seco”, afirma a CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral.
“Ou seja, a vantagem competitiva do nosso insumo reside nos processos industriais verdes, abrindo o caminho para o fortalecimento do Vale do Jequitinhonha como região produtora global: por sermos pioneiros na industrialização do Lítio Verde Triplo Zero, possuímos clientes cativos nos fabricantes de baterias e carros elétricos para os mercados globais cujos consumidores não gostariam de ter ‘insumos marrons’ nos seus carros verdes”, explica a executiva.
Planta
A planta de processamento greentech automatizada e digitalizada de última geração foi especialmente projetada para industrializar simultaneamente o lítio verde triplo zero e o subproduto verde triplo zero através do módulo industrial de empilhamento a seco. A unidade exigiu um investimento de cerca R$3 bilhões.
A planta industrial greentech é um modelo de sustentabilidade ambiental para apoiar totalmente o setor de veículos elétricos no combate às mudanças climáticas, permitindo ao Brasil tornar-se líder na transição energética global como um importante fornecedor de insumos extraídos e industrializados de maneira sustentável para o meio ambiente e as comunidades do entorno.
A Sigma recicla integralmente seus subprodutos, vendendo parte dos rejeitos e utilizando o restante para a pavimentação de estradas rurais. Essa remessa de Subproduto Verde Triplo Zero é reciclada em concentrado de lítio de grau bateria também para uso na produção de baterias de veículos elétricos.
A comercialização dos rejeitos possibilita uma maior arrecadação de recursos de Cefem/royalties para os municípios de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, onde a planta está localizada, para que possam investir em saúde, educação e saneamento, espalhando a prosperidade do lítio na forma de bem-estar social para toda a população.
“Nos enche de orgulho saber que estamos erguendo pessoas do Vale do Jequitinhonha junto com a gente, espalhando prosperidade e criando comunidades produtivas por meio do programa de microcrédito com 10 mil mulheres no Dona de Mim, que ajuda as pequenas empreendedoras a alavancar seus negócios, e do Seca Zero, que possibilita a construção de 2 mil reservatórios de captura de água da chuva para os produtores de subsistência”, finaliza a CEO, referindo-se a duas das iniciativas socioeconômicas da companhia.
Outras empresas
Além da brasileira Sigma Lithium, outras empresas estrangeiras já estão se instalando no nordeste de Minas Gerais.
De acordo com o MME, o Brasil está entre os países com maior potencial de extração de lítio do mundo, assim como o Chile, Argentina, Estados Unidos, Canadá e Austrália. “O lítio do Brasil, no entanto, oferece diferenciais competitivos que otimizam os investimentos. Ao contrário da maioria dos outros países, o lítio encontrado em Minas Gerais é de alta pureza, facilitando seu uso na fabricação de baterias mais potentes”, explicou a pasta.
A região do Vale do Lítio compreende os municípios de Araçuaí, Capelinha, Coronel Murta, Itaobim, Itinga, Malacacheta, Medina, Minas Novas, Pedra Azul e Virgem da Lapa.
Segundo o MME, esses municípios abrigam a maior reserva brasileira de lítio, compreendendo cerca de 45 depósitos, segundo estudos realizados pelo Serviço Geológico do Brasil. O órgão também indica que o potencial de cada depósito compreende 20 vezes mais que as reservas minerais de outras regiões, garantindo matéria-prima a longo prazo.
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