A Enel Brasil está revendo seus planos no Nordeste e a Bahia foi fortemente afetada. A empresa vem revogando outorgas de usinas solares por causa de atrasos nas obras de transmissão. Tradução: a energia pode até ser gerada, mas não tem como escoar.
O caso mais emblemático? O município de Bom Jesus da Lapa, onde a Enel cancelou a implantação de 8 usinas solares, com capacidade total de 333 megawatts.
O motivo? Simples (e preocupante): as usinas ficariam prontas em 2026, mas os sistemas de transmissão só chegariam em 2027. Um ano de diferença que inviabiliza tudo.
O impacto para a Bahia é significativo. Não só pela perda de investimentos e empregos, mas pelo freio em um setor que é uma das grandes apostas do estado.
A pergunta que fica: de que adianta correr com a energia limpa se a rede que deveria distribuí-la anda a passos lentos?
Exportações baianas desabam
O cenário não está bonito para a economia baiana quando o assunto é comércio exterior. Em maio, as exportações do estado caíram com força: US$800,9 milhões, o que representa um tombo de 15,4% em relação ao mesmo mês de 2024.
E antes que se jogue toda a culpa na “piora das expectativas da economia mundial”, vale olhar para dentro.
Segundo a SEI, quem puxou essa queda foi a indústria, que recuou 36,2%.
E o tombo foi puxado por setores estratégicos: derivados de petróleo (-80,3%), produtos químicos (-19%), papel e celulose (-17,5%) e metalurgia (-12%).
É muito mais que um soluço do mercado externo. É um sinal de alerta.
Enquanto isso, as importações também caíram e muito: 58%, totalizando US$ 655,9 milhões.
Isto indica desaquecimento da atividade industrial, menor demanda por insumos e menos dinamismo na economia.
O diagnóstico é claro: o problema não está só lá fora.
A Bahia precisa repensar sua pauta exportadora, diversificar mercados e reforçar sua indústria se quiser sair do aperto.
O resto é desculpa.
O Nordeste voltou a voar alto
Nos quatro primeiros meses de 2025, os dez principais aeroportos da região Nordeste movimentaram mais de 12 milhões de passageiros, superando em 170 mil o volume do mesmo período de 2019, antes da pandemia.
Recife segue como o hub do Nordeste, com 3,1 milhões de embarques e desembarques, num crescimento de 3,4% em relação a 2024. Já Salvador aparece logo atrás, com 2,5 milhões e alta de 5%.
O Carnaval continua sendo um trunfo poderoso para essas capitais, atraindo turistas em massa.
Mas quem realmente chamou atenção foi João Pessoa. O aeroporto paraibano registrou 585 mil passageiros, num um salto de mais de 16% sobre 2024.
Um crescimento silencioso, mas consistente, que mostra que a aviação regional está mais viva — e disputada — do que nunca.
Metrô avança rumo ao Campo Grande
Salvador dá mais um passo importante para melhorar a mobilidade urbana: o governo da Bahia lançou os editais de licitação para o Tramo IV da Linha 1 do metrô, que vai ligar a Estação da Lapa à futura Estação Campo Grande.
A abertura das propostas está marcada para 18 de agosto. A nova estação promete transformar a rotina de quem circula pelo coração da cidade.
Com expectativa de atender cerca de 11,5 mil passageiros por dia, o projeto fortalece a integração do sistema de transporte e amplia o alcance do metrô em uma área central, estratégica e historicamente movimentada.
Serão 1,1 km de extensão em túnel, com investimento superior a R$1,5 bilhão.
Uma obra que, além de infraestrutura, representa inclusão urbana e mais qualidade de vida para milhares de pessoas.
O pacote de investimentos inclui ainda a compra de 10 novos trens, cada um com capacidade para 1.250 passageiros, reforçando a frota do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas.
O valor dessa etapa? R$ 648,4 milhões.
O ovo ajudou, mas a luz pesou
O IPCA, índice oficial da inflação medido pelo IBGE, voltou a acelerar na Região Metropolitana de Salvador em maio: 0,35%.
Parece pouco? Pode até ser. Mas é maior que a média nacional (0,26%) e colocou Salvador entre as seis regiões com a inflação mais alta do país.
Mesmo com ritmo mais brando que o de maio de 2024 (quando bateu 0,58%), o avanço liga o alerta: o custo de vida segue em alta.
Os vilões do mês?
Energia elétrica (+4,77%), produtos para cabelo (+6,93%) e alguns alimentos que não dão trégua no bolso do consumidor: carnes (+2,31%), café moído (+3,92%) e a batata-inglesa (+13,45%).
Mas nem tudo foi aperto.
O ovo de galinha, que tinha se tornado quase artigo de luxo no início do ano, finalmente caiu no ranking das preocupações: recuou 7,63% e ajudou a frear o IPCA.
Em resumo: a inflação está menos feroz, mas ainda sabe onde apertar.
E Salvador segue entre os alvos preferidos.
Campo fértil
A Bahia produziu 22,9 milhões de dúzias de ovos no 1º trimestre de 2025. Recorde histórico para o período desde que o IBGE começou a série, em 2001.
Mesmo com uma leve queda em relação ao final de 2024 (-0,6%), o salto anual foi expressivo: 16,5%.
O abate de frangos também cresceu, alcançando 33,2 milhões de cabeças, alta de 4,7% em relação ao 1º trimestre do ano passado.
No leite, mais um bom sinal: foram 160,7 milhões de litros captados, o segundo maior volume trimestral em quase três décadas de série histórica.
Enquanto a indústria patina em muitos setores, o agro baiano não só segura as pontas como avança.
A surpreendente alta da manga
A manga baiana tem mostrado força em 2025, com preços em alta e impacto direto na economia regional, especialmente no Vale do São Francisco.
Entre janeiro e maio, a variedade Palmer acumulou valorização de 212%, enquanto a Tommy subiu 180%, segundo relatório da Faeb/Senar.
Só em maio, a Tommy teve um salto de quase 74%, liderando o ranking das maiores variações mensais no estado.
Esse desempenho fortalece a fruticultura como motor econômico local.
Quando os preços sobem, a cadeia produtiva reage: mais empregos, mais renda e maior confiança no campo.
A valorização atual, mais que um bom momento, representa uma chance de consolidar o protagonismo da Bahia no mercado nacional — e de pensar em estratégias para manter esse ritmo no longo prazo.
Varejo reage em abril
Depois de levar um tombo em março, o varejo da Bahia resolveu reagir em abril e cresceu 1,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Parece bom? Até que sim.
Mas quando a gente olha pro desempenho do Brasil inteiro, que subiu 4,8%, dá pra ver que a recuperação por aqui ainda tá meio lenta.
Quem segurou a onda foram os supermercados, hipermercados, alimentos, bebidas e fumo — esse combo cresceu 3,8% e puxou o desempenho pra cima.
Nada muito fora do esperado, já que esse é o setor com mais peso no comércio baiano.
Agora, quem surpreendeu mesmo foi o grupo de “outros artigos de uso pessoal e doméstico”.
Com um salto de 12,7%, foi o segundo que mais ajudou a levantar o varejo.
Mas nem tudo foi festa.
As vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 5,2%. E o setor de livros, jornais, revistas e papelarias… esse despencou 41%! Dá pra sentir o baque. Será que o pessoal tá lendo menos? Ou só migrando de vez pro digital?
No fim das contas, abril trouxe um sinal positivo, mas ainda cheio de “poréns”.
Apesar do respiro, o cenário ainda exige atenção.
Paraíso premiado
Imagine um mar de águas cristalinas, rodeado por uma natureza exuberante e uma atmosfera de paz que convida ao descanso e à contemplação.
Assim é a Praia de Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe, na Ilha dos Frades.
A joia baiana lidera o Ranking das Melhores Praias 2025, elaborado pelo Centro Internacional de Formação em Gestão e Certificação de Praias (CIF Playas), em parceria com a Rede Iberoamericana de Gestão e Certificação de Praias (Proplayas).
O estudo levou em conta uma série de critérios que vão muito além da paisagem: foram analisados aspectos ecológicos, sociais, culturais e econômicos, reconhecendo as praias como espaços estratégicos para o turismo sustentável e o bem-estar das comunidades locais.
Com um Índice Final de Qualidade (BQV) quase perfeito — 0,97 em uma escala que vai até 1 —, a Praia de Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe superou destinos consagrados, como Varadero e Ensenachos, em Cuba.
E mais: foi a única praia brasileira a figurar no seleto top 10 do ranking.
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