A linha de montagem da fábrica da BYD em Camaçari entra em operação na próxima terça-feira, 1º de julho. Ainda sem a confirmação oficial do primeiro modelo que sairá da linha, os holofotes apontam para o Dolphin Mini e o híbrido Song Plus como candidatos prováveis.
O início da produção será no modelo SKD (Semi Knocked Down), ou seja, com kits semi-montados sendo finalizados no Brasil. Uma etapa comum na transição para a fabricação local completa.
A planta baiana não é qualquer unidade: será a maior da BYD fora da Ásia.
E vem com metas ambiciosas: 150 mil carros/ano na primeira fase, 300 mil na segunda fase e 20 mil empregos estimados ao longo da operação
Mais do que inaugurar uma fábrica, a BYD inaugura um novo momento da eletromobilidade no Brasil com impactos na cadeia produtiva, no mercado de trabalho e na consolidação do país como polo estratégico da montadora na América Latina.
Mais fábricas, menos força
Entre 2022 e 2023, o setor industrial da Bahia ganhou corpo. Foram 309 novas indústrias abertas em um ano, segundo o IBGE. Isto representa ma alta de 5% que elevou para 6.507 o total de unidades ativas no estado.
Com isso, a Bahia manteve a 8ª posição no ranking nacional e seguiu líder absoluta no Norte-Nordeste em número de indústrias.
Também houve crescimento no emprego: o setor industrial passou a contar com 252,6 mil trabalhadores, um avanço de 1,6% frente ao ano anterior.
Mas nem tudo veio em alta.
O Valor da Transformação Industrial (VTI) — indicador que mostra o quanto a indústria efetivamente produz — caiu 8,4%, fechando 2023 em R$ 65 bilhões.
Mais indústrias e mais empregos, mas menos valor gerado.
Mesmo assim, a Bahia manteve sua fatia no bolo regional: respondeu por 33,4% do VTI do Nordeste, exatamente como em 2022.
A provocação que fica: estamos crescendo em quantidade ou em potência?
Cargill assume de vez unidade em Barreiras
Depois de mais de duas décadas operando sob contrato de arrendamento, a Cargill decidiu: agora é dona da fábrica de esmagamento, refino e envase de óleo em Barreiras, no Oeste da Bahia.
A aquisição consolida de vez o controle do ativo, que já era peça-chave nas engrenagens da companhia.
A planta emprega 250 pessoas e tem produção diversificada: farelo de soja (granel e ensacado), casca de soja peletizada, óleo degomado e óleo refinado.
Mais do que uma transação imobiliária, a aquisição é mais um capítulo do robusto plano de investimentos da multinacional no Brasil.
Nos últimos cinco anos, a Cargill injetou R$8,1 bilhões em suas operações no país.
Um sinal de que aposta forte no agro brasileiro e, especialmente, no potencial logístico e produtivo do Oeste baiano.
Mais mobilidade e menos custos
Na zona rural de Correntina, no distrito de Rosário, uma obra começa a mudar o ritmo da produção agrícola: a pavimentação da estrada de Linha Branca.
São 84 quilômetros que vão conectar as BRs 020 e 349 e, com isso, dar nova dinâmica a uma área de 80 mil hectares e 24 fazendas estrategicamente localizadas.
Mas por que essa estrada importa tanto?
A resposta vai além do asfalto.
A nova via é resultado de uma articulação entre produtores e Estado — Aiba, Abapa, a Associação Linha Branca/Cambará e o Governo da Bahia.
Uma demonstração prática de que, quando o setor produtivo se movimenta em bloco, a infraestrutura acompanha.
Com a estrada pavimentada, o impacto é direto: fretes mais baratos, menos quebras nos veículos, tempo de viagem reduzido, acesso facilitado a insumos e mercados, mais segurança e competitividade.
Além de Linha Branca, já foram entregues 58 km de pavimentação na Estrada do Café e na rota Alto Horizonte–BA-462.
E tem mais: pontes sobre os rios Itaguari e Arrojado estão em construção para garantir que nem a água interrompa o fluxo da produção.
No fundo, cada quilômetro pavimentado é um passo na direção de um Oeste baiano mais conectado, eficiente e estratégico.
BR-349 recuperada
A BR-349, no trecho entre Bom Jesus da Lapa e Santa Maria da Vitória, está de cara nova. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) concluiu a recuperação dos 28 km da rodovia, com um investimento de R$ 12,2 milhões por parte do Governo Federal.
O pacote de melhorias incluiu serviços como fresagem, aplicação de asfalto CBUQ, microrrevestimento e sinalização horizontal, além da construção do acesso à cidade de Serra do Ramalho.
Mais do que uma simples obra viária, trata-se de um reforço estratégico: a BR-349 é um dos principais corredores para o escoamento da produção agrícola do Oeste baiano, área irrigada pelas águas do Rio São Francisco. É por ali que grãos, frutas e oportunidades circulam.
Mas a rodovia não é só agro: ela também move fé. A estrada é tradicional rota dos romeiros que partem, especialmente do Centro-Oeste, rumo a Bom Jesus da Lapa, um dos maiores destinos religiosos do país. Agora, esse caminho sagrado e econômico volta a oferecer mais segurança e fluidez.
Feira mais barata, gasolina mais cara
O IPCA-15, prévia da inflação oficial, acelerou em Salvador: a taxa de junho ficou em 0,42%, a mais alta para o mês desde 2022.
O número também superou a média nacional (0,26%) e colocou a capital baiana entre os cinco maiores índices regionais do país.
O grande vilão do mês? Os combustíveis, com alta de 3,51%.
E, dentro deles, a gasolina foi o destaque (ou o golpe), subindo 3,96%.
Mas nem tudo foi aumento. O alívio veio do grupo de alimentação e bebidas, que enfim registrou deflação, depois de oito meses seguidos de altas.
Alguns itens essenciais ajudaram a conter a pressão: o tomate despencou 11,13%, o arroz caiu 4,45%, a banana-prata recuou 4,67%, e até o ovo ficou 4,17% mais barato.
Só o café insiste em não colaborar: subiu 3,58% no mês.
A pausa no bolso até veio, mas tomar um cafezinho continua pesando na rotina.
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