O mercado automotivo baiano vem mantendo um ritmo forte em 2025. De janeiro a abril, foram emplacados 79.645 veículos no estado, num avanço de 16,67% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Fenabrave.
Na comparação entre abril e março deste ano, o desempenho também foi positivo: 21.700 unidades emplacadas no último mês contra 19.504 em março, o que representa alta de 11,26%.
Alguns segmentos puxaram esse resultado para cima, com destaque para os ônibus (crescimento expressivo de 40,45%), máquinas agrícolas (30%) e motocicletas (16%).
A diversidade nos tipos de veículos vendidos sinaliza uma retomada mais abrangente da atividade econômica no estado, impulsionada por diferentes setores produtivos.
Trabalha-se mais, produz-se menos
A produtividade do trabalho na indústria de transformação registrou nova queda em 2024: recuo de 0,8%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Este é o quinto ano consecutivo de retração, revelando um cenário preocupante de perda de eficiência no setor.
O principal fator por trás do resultado é o descompasso entre esforço e resultado.
Enquanto as horas trabalhadas cresceram 4,5%, o volume produzido avançou apenas 3,7%.
Ou seja, trabalha-se mais, mas produz-se menos por hora. Um sinal claro de estagnação da produtividade.
No acumulado desde 2019, a queda já soma 9%.
O dado reforça uma tendência estrutural de enfraquecimento da competitividade da indústria brasileira, que perde fôlego enquanto outros países investem em automação, digitalização e qualificação da mão de obra.
A continuidade dessa trajetória pode comprometer a capacidade do setor industrial de sustentar o crescimento econômico, gerar empregos de qualidade e competir em mercados internacionais.
O dado é mais do que estatístico: é um sinal de alerta para formuladores de políticas públicas e lideranças empresariais.
BC ignora realidade
O Copom elevou a taxa Selic de 14,25% para 14,75% ao ano, o maior nível desde 2006. A decisão, embora esperada pelo mercado, acentua os obstáculos para consumidores e empresas.
Ao seguir apertando a política monetária, o Banco Central ignora os impactos sobre o crédito, o consumo e o investimento.
O resultado direto é o enfraquecimento da atividade econômica, com reflexos negativos sobre o emprego e a renda.
A CNI criticou o aumento, apontando que a medida impõe um peso desnecessário à economia e compromete o bem-estar da população.
A Fieb foi ainda mais incisiva: considera a alta dos juros injustificável diante do atual cenário e prejudicial ao setor produtivo.
Com essa decisão, o BC reforça uma estratégia que prioriza o controle da inflação, mesmo à custa do crescimento e da recuperação econômica.
Grupo Mateus acelera expansão
O Grupo Mateus começou 2025 mantendo o ritmo forte de crescimento. No primeiro trimestre, a receita líquida da varejista nordestina atingiu R$8,3 bilhões, numa alta de 12,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
O lucro líquido cresceu ainda mais: 32,5%, alcançando R$319 milhões.
O desempenho financeiro reflete a estratégia agressiva de expansão. Entre janeiro e março, o grupo inaugurou quatro novas lojas, incluindo uma em Ilhéus.
Atualmente, há 16 unidades em obras, com destaque para Salvador (no Salvador Norte Shopping) e Feira de Santana.
Com 276 lojas e 18 centros de distribuição espalhados por nove estados, o Grupo Mateus consolida sua posição como a terceira maior varejista do Brasil — e dá sinais claros de que ainda tem fôlego para crescer mais.
Semana S chega com tudo
O Sistema Comércio BA lançou oficialmente a programação da Semana S do Comércio.
O megaevento acontece nos dias 16 e 17, com uma proposta ousada: movimentar o setor, capacitar profissionais e aproximar a população dos serviços do Sesc e do Senac.
O presidente do Sistema, Kelsor Fernandes, apresentou os detalhes à imprensa ontem, destacando o alcance e a importância do evento para o fortalecimento do comércio.
Gratuito e realizado simultaneamente em 12 cidades – Salvador, Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Camaçari, Feira de Santana, Jacobina, Jequié, Paulo Afonso, Porto Seguro, Santo Antônio de Jesus e Vitória da Conquista – o evento promete conteúdo, entretenimento e serviços para todos os públicos.
Na capital, a programação começa no dia 16, às 14h, no Teatro Sesc Casa do Comércio, com o Innovation Day, um mergulho em tendências como e-commerce, sustentabilidade e inovação, com palestras inspiradoras para quem vive ou quer empreender.
Já no dia 17, a Arena Fonte Nova será palco de uma grande celebração com serviços de saúde, beleza, cidadania, oficinas profissionalizantes e shows. Tudo aberto ao público.
Um verdadeiro festival de oportunidades e experiências.
Inscrições: https://cncsemanasbrasil.facedoor.events/ba.
Concessão à beira do apagão
Para quem vive nos pequenos municípios da Bahia, depender da Coelba é quase um castigo.
O último exemplo veio do Conde, no litoral norte, durante o último feriadão: a comunidade de Cruz da Mata ficou mais de 50 horas sem energia elétrica.
A luz acabou na manhã de sexta-feira. Só voltou no domingo à tarde.
Foram mais de dois dias no escuro, em um local com cerca de 20 casas, a maioria de moradores humildes e propriedades rurais que dependem diretamente da eletricidade para produzir e viver com dignidade.
Infelizmente, esse tipo de situação não é exceção. É rotina em muitos cantos da Bahia.
É inadmissível que uma concessionária de energia falhe de forma tão grave no atendimento básico, principalmente em regiões onde o Estado deveria garantir inclusão e desenvolvimento.
Mesmo assim, a Coelba quer a renovação do seu contrato de concessão por mais 30 anos, até 2057.
O atual vence em 2027.
A pergunta é simples: como justificar mais três décadas de concessão a uma empresa que não entrega o mínimo?
A decisão está nas mãos da Aneel.
E deve ser acompanhada de perto, com lupa, senso crítico e, acima de tudo, responsabilidade com os baianos.
Mais café no mercado
A produção de café na Bahia deve atingir 3,68 milhões de sacas beneficiadas em 2025, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O volume representa um avanço de 20% em relação ao ano anterior e marca o melhor desempenho do estado desde 2017.
O crescimento é puxado pelo conilon, que responde por cerca de dois terços da safra baiana.
A estimativa é de 2,5 milhões de sacas dessa variedade, uma alta expressiva de 28,2% frente a 2024.
Já o café arábica, mais sensível ao clima, terá crescimento mais modesto: 1,2 milhão de sacas, com incremento de 5,6%.
Esse salto na produção vem em boa hora.
Por que?
O aumento na oferta acontece em meio à disparada dos preços do café no país, reflexo de estoques apertados e custos elevados.
Com mais produto no mercado, a expectativa é que os preços comecem a ceder, aliviando o bolso do consumidor.
Turismo de negócios impulsiona hotelaria
Apesar de abril marcar tradicionalmente o início da baixa estação para o setor hoteleiro, Salvador surpreendeu com um desempenho sólido.
A taxa média de ocupação chegou a 64,5%, superando com folga os 54% registrados no mesmo mês de 2023.
Congressos e eventos realizados ao longo do mês – especialmente na área médica – garantiram picos de ocupação acima de 80% entre os dias 23 e 27.
A movimentação em torno do feriado prolongado da Semana Santa e Tiradentes também contribuiu para manter os índices elevados, com ocupação média em torno de 70% entre os dias 18 e 20.
Mesmo sendo o mês com a menor taxa de ocupação do ano, abril evidenciou que Salvador já não depende exclusivamente do turismo de lazer: o segmento de negócios tem se mostrado um motor de estabilidade e crescimento para a hotelaria da capital baiana.
Avanço insuficiente
A renda média dos baianos avançou em 2024, mas o ponto de partida era tão baixo que os números, embora positivos, ainda revelam um cenário preocupante.
Segundo o IBGE, o rendimento médio mensal de todas as fontes chegou a R$2.028, o maior valor real em sete anos e um crescimento de 8% em relação ao ano anterior.
Apesar disso, o estado segue entre os piores do país em termos de renda, à frente apenas do Maranhão (R$1.869) e do Ceará (R$1.927).
Ou seja, mesmo com a recuperação, seguimos patinando nas últimas posições.
O dado mais alarmante: a renda média do baiano representa apenas dois terços da média nacional, que está em R$3.057.
Em outras palavras, o baiano ainda ganha muito menos do que o brasileiro médio.
Pior: o rendimento atual é 2,3% inferior ao de 2020, o que reforça o quanto a crise dos últimos anos deixou marcas profundas no poder de compra da população.
O avanço precisa ser reconhecido, mas está longe de ser suficiente.
A Bahia precisa mais do que crescer.
Precisa acelerar, diversificar sua economia e gerar oportunidades reais de ascensão social para sair da rabeira dos indicadores nacionais.
A coluna A SEMANA é publicada aos sábados. O espaço traz um resumo das notícias mais importantes da semana, sempre com um tom mais crítico e analítico. Além da indústria, aborda temas como o comércio, turismo, política, educação, esporte, cultura, dentre outros. O objetivo é contribuir para formar opinião, esclarecer fatos, desmentir outros, e deixar você ainda mais informado.
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