Mesmo com o cenário global meio bagunçado, a indústria calçadista brasileira conseguiu avançar no 1º trimestre de 2025. E a Bahia pegou carona nesse bom momento. Entre janeiro e março, o estado exportou mais de 1,1 milhão de pares de calçados.
Isso representa um salto de quase 35% em volume na comparação com o mesmo período do ano passado. Em faturamento, o avanço foi mais tímido: 11,1%, somando pouco mais de US$21 milhões.
No panorama nacional, o Brasil embarcou 31,5 milhões de pares e faturou US$269,8 milhões, crescimentos de 14,1% e 6,5%, respectivamente.
Mas o alerta vem da Abicalçados: as sobretaxas anunciadas por Donald Trump podem complicar o jogo. A medida deve pressionar os preços nos Eestados Unidos, o que tende a frear o consumo, inclusive de calçados importados.
Se isso se confirmar, o impacto vai bater por aqui também.
Confira as tabelas completas no link.
Agora é pra fazer direito
A ANTT vai rodar o Brasil (ou pelo menos a Bahia) com quatro audiências públicas pra discutir a nova concessão das BRs 116 e 324. A largada será em Salvador, no dia 5 de maio.
Essas rodovias fazem parte do atual contrato da ViaBahia, que — finalmente — acaba em 15 de maio.
Foram anos de promessas descumpridas, buracos, falta de manutenção e uma paciência que foi pro ralo junto com o asfalto.
O novo projeto vem bonito no papel: duplicação de 355 km da BR-116, mais 237 km de faixas adicionais, cobertura total de telefonia móvel, 50 passarelas e pedágios inteligentes e sem filas.
Parece bom demais pra ser verdade. E talvez seja mesmo. Porque promessa a gente já ouviu de monte. O que falta é compromisso.
O governo não pode errar de novo. É hora de escolher uma nova concessionária que trate a população com respeito, cumpra contrato e entregue resultado.
Chega de enganação.
E o preço da comida? Só sobe
A cesta básica em Salvador ficou mais pesada. E não foi de itens, foi no bolso mesmo.
Em março, o valor médio chegou a R$615,75, segundo a SEI (Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia). Alta de 3,98% em relação a fevereiro.
O que puxou a conta pra cima? Quase tudo. Dos 25 produtos analisados, 19 ficaram mais caros. O destaque (nada positivo) vai pra banana-prata, com reajuste de 17,39% no mês.
Por trás dessa alta, os velhos vilões: clima instável, entressafra e o famoso desequilíbrio entre oferta e demanda. O resultado é um impacto direto no consumo das famílias, especialmente as de renda mais baixa.
Com isso, o primeiro trimestre de 2025 fechou com aumento acumulado de 7,09% na cesta básica da capital baiana. E o sinal de alerta continua ligado.
Seca histórica
O agro da região de Irecê está sentindo o peso de uma estiagem severa. A pior desde 1976.
Sem uma gota de chuva desde janeiro, produtores estão vendo lavouras inteiras desaparecerem, junto com meses de trabalho e investimento.
O milho, por exemplo, foi totalmente perdido. A Cooperativa Agropecuária Mista de Irecê, que reúne 530 produtores, já estima um prejuízo de R$ 160 milhões.
E o impacto vai além do grão: em João Dourado, a área plantada com cebola caiu pela metade por pura falta de água.
É um cenário que acende o alerta: como preparar o semiárido para resistir melhor às secas cada vez mais frequentes?
A crise escancara a urgência de políticas públicas, inovação e infraestrutura hídrica.
Porque quando o campo para, a economia sente. E quem vive da terra, sente ainda mais.
Entre a seca e o sucesso
A seca castiga, mas a produção resiste. A Bahia deve colher, em 2025, a maior safra de grãos da sua história, segundo estimativa do IBGE.
A previsão aponta para 12,2 milhões de toneladas, um salto de 7,3% em relação a 2024. Em números absolutos, são mais 835,7 mil toneladas a caminho dos armazéns baianos.
O crescimento não é isolado. Das 26 safras acompanhadas no estado, 17 devem registrar avanço no próximo ano. O destaque absoluto fica com a soja, que deve render 801 mil toneladas a mais, o que representa um aumento de 10,6%.
Mandioca (+14,7%) e milho da primeira safra (+2,7%) também devem fechar o ciclo em alta.
Do outro lado da balança, vêm as quedas. A maior delas é do tomate, com previsão de retração de 48,4%, o que equivale a 171,3 mil toneladas a menos. Cana-de-açúcar (-1,0%) e sorgo (-11,5%) também devem recuar.
Mesmo com perdas pontuais, o saldo geral é positivo — e mostra a força do agro baiano, que segue firme, mesmo sob o clima adverso.
Asfalto no campo
A força do agro na Bahia acaba de ganhar um reforço de peso.: a pavimentação completa da Estrada da Linha Branca, no oeste do estado, vai sair do papel com apoio conjunto de entidades como a Aiba e a Abapa, além do governo estadual.
São 86 km de melhorias em uma das rotas mais estratégicas para o escoamento da produção agrícola da região do Rosário, distrito de Correntina.
Mais do que asfalto, o projeto representa eficiência logística, segurança no transporte e competitividade para uma área que concentra cerca de 130 mil hectares de lavouras.
Em épocas de chuva, a via vira um gargalo, e agora, com a pavimentação, a promessa é de trânsito fluindo o ano inteiro, para caminhões, maquinário e trabalhadores.
Uma estrada nova que conecta mais que cidades: conecta o campo ao mercado, o produtor à oportunidade e o oeste da Bahia a um novo ciclo de crescimento.
Comércio que inspira
Vem aí a Semana S do Comércio, uma grande mobilização nacional organizada pela CNC, federações do comércio, Sesc e Senac para valorizar o setor que move boa parte da economia brasileira.
Na Bahia, o Sistema Comércio preparou uma agenda especial nos dias 16 e 17 de maio.
A proposta é simples: levar conhecimento, serviços e experiências gratuitas para quem faz o comércio girar nas principais cidades do estado, com destaque para Salvador.
Na capital, o evento começa dia 16, às 14h, no Teatro Sesc Casa do Comércio, com o Innovation Day. O nome já entrega: o foco é inovação.
A programação inclui palestras e momentos de conexão entre empresários — tudo pensado para inspirar, provocar ideias e fortalecer negócios.
No sábado, dia 17, a Arena Fonte Nova se transforma em um grande centro de atividades. Sesc e Senac vão montar arenas com serviços e atrações abertas ao público.
É a chance de vivenciar, na prática, o que essas instituições fazem pelo desenvolvimento do setor.
Só pra ter ideia da dimensão: o Sistema Comércio capacita mais de 1 milhão de pessoas por ano no Brasil. De cursos técnicos a ensino superior, o foco é preparar gente de verdade para o mercado real.
Varejo da Bahia segue firme
O varejo da Bahia continua em alta. Em fevereiro, as vendas subiram 0,2% em relação a janeiro, um ritmo modesto, mas consistente.
No comparativo com o mesmo mês de 2024, o crescimento foi mais robusto: 3,5%.
O setor de supermercados, hipermercados e alimentos liderou o volume de vendas, mesmo sendo o que teve a menor variação percentual entre os segmentos analisados: 3,2%.
Mas o destaque aqui é a regularidade: foi o 21º mês seguido de crescimento nas vendas desse grupo.
Quem brilhou no mês, em termos percentuais, foi o setor de saúde e beleza.
As vendas de produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, cosméticos e perfumaria subiram 10,2% no mês, reforçando a tendência de alta nesse nicho.
A leitura é clara: o varejo baiano está sustentando seu fôlego com setores que mantêm consumo estável, como alimentação e saúde, mas também dá sinais de aquecimento em segmentos mais ligados ao bem-estar e autocuidado.
O perfil das empreendedoras
A nova edição da pesquisa do Sebrae sobre empreendedorismo feminino na Bahia mostra um avanço no número de mulheres no setor de serviços: hoje, elas representam 51% dos negócios nessa área.
Um salto em relação às edições anteriores (39% na primeira e 45% na segunda). O recorte racial revela que 77% das empreendedoras se declaram negras.
A maioria das mulheres toca o negócio sozinha, 28% vivem com até dois salários mínimos e 39% ainda são chefes de domicílio — acumulando função econômica e responsabilidade familiar.
E tem mais: 67% são mães, mas apenas 34% contam com o apoio do companheiro na rotina da casa e dos filhos.
A sobrecarga não é novidade, mas o dado escancara um problema estrutural: o empreendedorismo feminino avança, mas continua sustentado por um modelo injusto.
Cresce o número de mulheres empreendendo, mas cresce também o peso que elas carregam nas costas.
A coluna A SEMANA é publicada aos sábados. O espaço traz um resumo das notícias mais importantes da semana, sempre com um tom mais crítico e analítico. Além da indústria, aborda temas como o comércio, turismo, política, educação, esporte, cultura, dentre outros. O objetivo é contribuir para formar opinião, esclarecer fatos, desmentir outros, e deixar você ainda mais informado.
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