A importância do mercado internacional para a indústria de transformação brasileira aumentou em 2022, de acordo com o estudo Coeficientes de Abertura Comercial (CAC). Um dos quatro indicadores do estudo, o coeficiente de exportação – que reflete a parcela da produção direcionada ao mercado externo –, teve um crescimento de quase dois pontos percentuais, (p.p.) atingindo 20,3% e superando os 18,6% de 2021.
O CAC é uma publicação anual produzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). O estudo mede o grau de integração da indústria brasileira com o comércio exterior, por meio de quatro coeficientes – dois que avaliam as exportações e dois que medem a participação das importações no mercado brasileiro.
“Os resultados dessa edição dos Coeficientes de Abertura Comercial reforçam a relevância das exportações e do comércio internacional como um todo para o aumento da competitividade da indústria brasileira e para a retomada do crescimento econômico do país”, avalia a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri.
Papel e celulose
Mesmo em um cenário internacional de recuperação, a maior parte dos setores da indústria aumentou a participação das exportações na produção interna. Dos 23 setores avaliados, 15 concluíram o ano de 2022 com aumento no coeficiente de exportações, sete registraram queda e um permaneceu constante, na comparação com 2021. As altas, no entanto, foram significativas para cinco dos 15 setores.
Destaque do coeficiente de exportação, o setor de celulose e papel registrou um dos maiores crescimentos no indicador. A produção voltada para o mercado externo aumentou em 6,5 p.p, de 37,9% em 2021 para 44,3% em 2022, alcançando o valor mais alto registrado na série em preços constantes.
No setor, embora a demanda interna tenha crescido, o mercado internacional estimulou a produção doméstica. Assim, ocorreu um aumento significativo no valor das exportações, com crescimento de 21,0% entre os anos de 2021 e 2022.
Aém do setor celulose e papel, outros setores registraram altas mais expressivas entre 2021 e 2022: fumo (10,2 p.p.); madeira (3,2 p.p.); veículos automotores (2,7 p.p.); e alimentos (2,7 p.p.). Nos setores de veículos, alimentos e fumo, as exportações também impulsionaram a produção doméstica, mesmo diante do crescimento da demanda interna. Já em madeira, a redução da demanda interna foi maior do que a externa. E na comparação do mesmo período, as maiores quedas foram registradas por outros equipamentos de transporte (-1,3 p.p.); e móveis (-1,2 p.p.).
Presença de importados
A participação dos produtos estrangeiros no consumo nacional – medida pelo coeficiente de penetração das importações – foi recorde pelo segundo ano consecutivo e aumentou 1,1 p.p em 2022 em relação ao ano anterior, alcançando 25,9%. Ainda assim, desacelerou na comparação com o índice registrado entre 2020 e 2021, quando cresceu 2,8 p.p.
Com o resultado de 2022, o indicador atingiu o nível mais alto da série histórica em preços constantes. Essa dinâmica foi influenciada pela volta ao consumo dos brasileiros no período, especialmente em setores como vestuário e acessórios; e de investimentos, como máquinas, apesar da desvalorização do real e da defasagem na resposta da quantidade importada à taxa de câmbio.
Uso de insumos importados
O uso de insumos industriais importados pela indústria brasileira também aumentou em 2022 e registrou valor recorde. O resultado, segundo o CAC, reflete o crescimento do consumo de matéria-prima importada e a redução no consumo de insumos domésticos. Essa participação de insumos estrangeiros em relação ao total usado pela indústria de transformação é medida pelo coeficiente de insumos industriais importados, e teve crescimento moderado de 0,6 p.p., de 24,5% em 2021 para 25,1% em 2022, considerando preços constantes.
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