A baiana Ferbasa – líder nacional na produção de ferroligas e única produtora de ferrocromo das Américas – fechou o exercício de 2022 com um lucro líquido recorde de R$1,062 bilhão, o que representa uma alta de 65,3% em relação ao ano anterior (R$642,9 milhões). Já a receita líquida da companhia deu um salto, na mesma base de comparação, de 31,4%, passando de R$2,389 bilhões para R$3,139 bilhões. A geração operacional de caixa, medida pelo Ebitda, por sua vez, atingiu R$1,285 bilhão em 2022. Esse total equivale a um aumento de 37,3% em comparação a 2021.
Os números foram divulgados na noite desta segunda-feira (6/3) logo após o fechamento do mercado. De acordo com a empresa, o lucro do ano passado deve-se a uma série ajustes no mix de produção e comercialização ocasionados pela retração do setor siderúrgico brasileiro, bem como pelos esforços para redirecionar os volumes ao mercado externo.
A empresa aponta ainda o “enobrecimento do portfólio de nossos produtos, evidenciado pelo incremento de 38,1% na produção das ligas de FeSi HP (alta pureza) e surto inflacionário mundial que levou a companhia a intensificar as ações voltadas à redução de custos e a acelerar os investimentos com foco em eficiência e gestão austera do caixa e uma distribuição regular de proventos ao longo do ano”.
No ano passado, conforme a empresa, foram investidos R$260,2 milhões, mais que o dobro frente ao realizado em 2021 (R$ 127,1 milhões). A maior parte dos recursos – R$145,3 milhões – foi direcionada para a compra de máquinas e equipamentos. “Isso reafirma a retomada do ritmo de investimentos da companhia, após a contenção ocorrida em razão da pandemia”, afirma o relatório de administração.
Em seu relatório, a Ferbasa informou ainda que foram produzidas 301,6 mil toneladas de ferroligas, um decréscimo de 2,6% em relação a 2021, basicamente como reflexo do recuo de 3,9% das ligas de cromo. Em relação às vendas, a empresa comercializou 269,9 mil toneladas de ferroligas em 2022, um recuo discreto de 0,8% em relação a 2021.
“Tal variação foi influenciada pela retração de 12,1% nas vendas para o mercado interno e pelo incremento de 15,4% nos volumes destinados ao mercado externo, o que reafirma a capacidade da companhia em adaptar seu mix de comercialização às oscilações de mercado”, diz o relatório.
A EMPRESA
Uma das 10 maiores empresas em operação na Bahia e com um ciclo de produção integrado e verticalizado nas áreas de mineração, metalurgia, recursos florestais e energia renovável, a Ferbasa detém 95% dos recursos nacionais de cromita e mantém como principais produtos de seu portfólio as ligas de ferrocromo alto carbono (FeCrAC), ferrocromo baixo carbono (FeCrBC), ferrossilício (FeSi75), ferrossilício 75 alta pureza (FeSi75 HP) e ferrossilício cromo (FeSiCr), destinadas, principalmente, ao setor siderúrgico e à fabricação de aços inoxidáveis e especiais.
Com 62 anos de atuação, a empresa atende aos mercados interno e externo, principalmente China, Japão, Estados Unidos e União Europeia. Conta hoje com 3.220 colaboradores diretos.
Primeira unidade da empresa, a mineração possui hoje duas unidades de extração de minério de cromo (uma subterrânea e outra a céu aberto), duas minas de quartzo e uma planta voltada à produção de cal virgem, todas localizadas no Centro Norte baiano.
A quase totalidade da produção de minérios é direcionada à unidade metalúrgica, localizada em Pojuca/BA, onde são produzidas as ferroligas nos seus 14 fornos elétricos equipados com filtros de mangas destinados a neutralizar o lançamento de material particulado na atmosfera. Já a área florestal é composta por 64 mil hectares, dos quais 25 mil hectares são de florestas plantadas e renováveis de eucaliptos.
Do ativo florestal, a companhia preserva como reserva de matas nativas mais do que o estabelecido pela legislação (20%), sendo 1.243 hectares de áreas aprovadas como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) – o que engloba a reserva legal e áreas de preservação permanente.
O Complexo Eólico BW Guirapá, localizado nos municípios de Caetité e Pindaí-BA, soma-se à estratégia de verticalização. Com capacidade instalada de 170 MW, os 7 parques terão sua energia limpa e renovável disponibilizada para atender parte do consumo próprio da Ferbasa a partir de 2034, com o encerramento do atual contrato de fornecimento celebrado com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O parque éolico obteve um lucro líquido de R$2,7 milhões em 2022, ante o prejuízo de R$5,5 milhões em 2021.
PRINCIPAIS PRODUTOS
Ferrocromo Alto Carbono (FeCrAC) – Uma liga de ferro, cromo, silício e outros elementos. Como elemento liga, o Ferrocromo Alto Carbono ou Charge Chrome é usado na fabricação de um grande número de tipos de aço e ligas especiais. Tem como característica básica o carbono acima de 4%. As principais utilizações ocorrem na produção de aço resistentes à corrosão, na produção de aços de alta resistividade elétrica, aços com alta liga (indústria de automóveis), anti-oxidação e principalmente na produção de aços inoxidáveis.
Ferrocromo Baixo Carbono (FeCrBC) – Este produto é uma liga de ferro, cromo, silício e carbono com teor máximo de 0,15%. É usado durante a produção de aços para corrigir os teores de cromo, sem provocar variações indesejáveis no teor de carbono. A sua utilização industrial é a mesma do FeCrAC, ou seja, na produção de aços especiais e inoxidáveis, com larga aplicação nas indústrias de bens de consumo.
Ferrossilício Cromo (FeSiCr) – Ua liga de ferro, cromo, silício e outros elementos. Sua aplicação é ser o principal insumo na produção de Ferro Cromo Baixo Carbono.
Ferrossilício 75% (FeSi 75%) – O FeSi 75% é produzido a partir do quartzo de alta pureza, carvão vegetal, minério de ferro, carepa e sucata. O FeSi 75% Standard é utilizado na produção de aços como desoxidante e elemento de liga. Na indústria de fundição, como agente grafitizante. O FeSi 75% Alta Pureza é usado na fabricação de aços ao sílicio de grão orientado (GO) e grão não orientado (GNO).
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