Na contramão do país, as exportações do setor calçadista baiano seguem em ritmo acelerado. Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, em maio, a indústria baiana embarcou 466.112 pares por US$8.913.418 para o exterior. Os resultados são superiores tanto em volume (3,2%) quanto em receita (48%) em relação ao mesmo mês de 2022. Nesta mesma base de comparação, a indústria nacional como um todo registrou queda de 18,7% em volume e de 5,6% em receita.
Os dados da Abicalçados apontam ainda que, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, as exportações baianas de calçados somaram 1.938.521 de pares e US$37.973.898 em faturamento, resultado 2.6% superior em volume e 41,3% em receita no comparativo com o período do ano passado.
Outra boa notícia: de acordo com a Abicalçados, o valor médio (VM) por par da indústria baiana vem crescendo mês a mês. Em maio de 2019, o VM por par exportado era de US$8,26. Em maio do ano passado, saltou para US$13,33, e agora pulou para US$19,12 – 43,4% a mais. É o maior valor do país.
Este valor permite que a indústria baiana fature até o dobro que os seus concorrentes de outros estados com exportações mesmo embarcando uma quantidade bem menor de produtos.
É o caso, por exemplo, da Paraíba. O estado vizinho encaminhou para o exterior, em maio, 904.837 pares – quase o dobro em relação à Bahia. A receita dos paraibanos no entando, foi menos da metade (US$4.093.176). Isto ocorre porque na Paraíba o VM por par é de apenas US$4,52, ou seja, quatro vezes menor que o VM baiano.
Estados
O maior exportador de calçados do Brasil segue sendo o Rio Grande do Sul. Entre janeiro e maio, as fábricas gaúchas embarcaram 15,86 milhões de pares, pelos quais receberam US$235,26 milhões, quedas tanto em volume (-12,7%) quanto em receita (-4,4%) em relação ao mesmo período do ano passado.
O segundo exportador do período foi o Ceará, de onde partiram 18 milhões de pares por US$129 milhões, queda de 8,2% em volume e incremento de 6,7% em receita no comparativo com o mesmo intervalo de 2022.
Na sequência apareceram São Paulo (3,8 milhões de pares e US$52 milhões, quedas de 8,1% e 2,7%, respectivamente) e a Bahia.
“Nos últimos dois meses, as exportações de calçados chineses já aumentaram mais de 20%. Quando o maior player do mercado mundial, que somente até abril já exportou 2,8 bilhões de pares, retoma seu espaço, a tendência é que outros países produtores percam espaço”, avalia o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
O dólar também tem sido uma “pedra no calçado” brasileiro, já que com a moeda norte-americana em desvalorização ante o real a tendência é de um aumento no preço médio do par exportado pelo Brasil. “Por fim, temos o desaquecimento da economia internacional, principalmente dos Estados Unidos e países da Europa, grandes consumidores de calçados”, acrescenta.
Importações
Na contramão dos resultados das exportações, as importações de calçados seguem em elevação. Entre janeiro e maio, entraram no Brasil 14,78 milhões de pares por US$ 188,4 milhões, altas tanto em volume (+3,9%) quanto em receita (+23,7%) em relação ao mesmo período de 2022.
As principais origens seguem sendo os países asiáticos: Vietnã (3,9 milhões de pares e US$ 89,4 milhões, incrementos de 21,7% e 30,1%, respectivamente, ante o mesmo período de 2022); Indonésia (1,74 milhão de pares e US$ 35,97 milhões, altas de 25,7% e 28%); e China (7,4 milhões de pares e US$ 24,3 milhões, quedas de 5% e 1,1%).
Em partes de calçados – cabedais, solados, saltos, palmilhas etc -, as importações até maio foram equivalentes a US$ 11,44 milhões, crescente de 15,6% ante 2022. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã.
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