A Acelen prevê investir mais de R$12 bilhões nos próximos 10 anos na produção de combustíveis renováveis. Ao longo do projeto, a expectativa é produzir 1 bilhão de litros por ano, movimentar R$85 bilhões na economia, contribuir para geração de 90.000 postos de trabalho diretos e indiretos e reduzir em até 80% as emissões de CO² com a substituição do combustível fóssil, o que tornará a empresa uma das maiores produtoras de combustíveis renováveis do mundo.
O plano de investimentos foi assinado nesta sábado (15/4), em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, pelo governador Jerônimo Rodrigues e Khaldoon Al Mubarak, CEO do Mubadala Investment Company, fundo de investimentos controlador da empresa. A formalização do compromisso aconteceu na mesma cerimônia de encontro do presidente Lula com o presidente do país, Mohammed bin Zayed al Nahyan.
A empresa se tornará um dos líderes mundiais neste segmento a partir de culturas agrícolas de alta energia, desde o plantio das sementes até a produção dos combustíveis renováveis. A principal aposta será em diesel renovável e querosene de aviação sustentável, produzidos por meio do hidrotratamento de óleos vegetais e gordura animal. A previsão é que a empresa inicie a produção no primeiro trimestre de 2026.
“O caminho da transição energética da Acelen começou já no início de suas operações, com a modernização da Refinaria de Mataripe e redução do seu impacto ambiental. Agora, estamos dando um passo estratégico na nossa missão de protagonismo na transição energética de maneira sólida, com um projeto único e transformador, renovando o compromisso da empresa com um futuro mais sustentável”, destacou o CEO da Acelen, Luiz de Mendonça.
“A Bahia também vai ter um compromisso de incentivos fiscais e de investimento em infraestrutura e logística. Estamos felizes em darmos mais esse passo para seguir com o desenvolvimento do estado. O memorando visa ainda geração de emprego e cuidado com o meio ambiente”, destacou o governador Jerônimo.
Óleo de soja
Na primeira fase do projeto, em sinergia com o potencial agrícola do Brasil, será usado o óleo de soja e matérias-primas complementares, que possuem o maior volume disponível e competitividade no país. Na segunda etapa, será usado óleo de macaúba, árvore nativa do Brasil com alto potencial energético ainda não explorada em escala comercial, e óleo do dendê, com previsão de início de plantio em 2025. O projeto prevê o plantio em área de 200 mil hectares, priorizando terras degradadas, o equivalente a 280 mil campos de futebol.
O projeto foi estruturado para ter total sinergia com a Refinaria de Mataripe, na Bahia, aproveitando a infraestrutura existente de utilidades, tancagem e logística. Será construída uma unidade de geração de hidrogênio sustentável, para o hidrotratamento dos combustíveis. A previsão é iniciar as obras já em janeiro de 2024
Capacidade de processamento
A capacidade de produção será de 20 mil barris/dia, cerca de 1 bilhão de litros ao ano, equivalente ao abastecimento anual de 1,1 milhão de veículos, posicionando a Acelen entre os maiores produtores de combustíveis renováveis no mundo. A produção do diesel verde e combustível de aviação sustentável será feita, a princípio, visando o mercado externo, onde esses produtos já são aprovados para comercialização e consumo.
“Produziremos combustível sustentável em escala global, inserindo o Brasil no desenvolvimento da cadeia sustentável internacional. Este será o primeiro projeto da Acelen em combustíveis renováveis. Então, há espaço para crescermos em nível mundial nesse setor. Nosso foco será principalmente o mercado externo, neste primeiro momento, produzindo divisas relevantes para o país. Caso o Brasil avance com as discussões já em curso a respeito de políticas de incentivo para a produção e consumo de combustíveis renováveis no país, a Acelen estará pronta para atuar no mercado interno também”, complementou o executivo.
A Acelen investirá em genética, melhoria de produtividade agrícola e seleção de áreas aptas. Também será criado um laboratório de germinação de sementes de escala industrial, fazendo investimentos em pesquisas com uma série de instituições públicas e privadas dentro e fora do Brasil.
Benefícios
O projeto foi desenhado para ser sustentável de ponta a ponta, com ampla descarbonização em toda a cadeia integrada, com o uso de planta nativa de alta energia e absorção de CO² e recuperação de áreas degradadas. Além de impactar positivamente a biodiversidade, com este projeto, a Acelen vai impulsionar ainda mais a economia local, gerar milhares de empregos, transformando a realidade social, econômica e ambiental de toda região.
No campo econômico, a expectativa é que seja aberto um vasto campo de oportunidades para o agronegócio, pequenos e grandes produtores, além de parcerias público-privadas. Segundo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a previsão é que, ao todo, sejam movimentados R$85 bilhões na economia brasileira até 2035, de forma direta e indireta, com consequente aumento na contribuição de impostos em toda a cadeia produtiva. Ainda de acordo com análise da FGV, espera-se a geração de mais de 90 mil postos de trabalho diretos e indiretos, sendo 70% de forma perene, com a operação do Polo de Renováveis.
Na área ambiental, a previsão é que o diesel renovável emita até 80% menos CO² do que o diesel fóssil e que a plantação de alta energia capture 80 milhões de toneladas de CO² ao longo de 30 anos. Além da adoção da tecnologia de agricultura 4.0, a Acelen vai desenvolver o processo de extração de óleo vegetal, gerando coprodutos de alto valor agregado e reutilizando resíduos de forma sustentável.
Sobre a macaúba
Planta brasileira com alta produtividade de óleo por hectare. Altamente competitiva em relação a outras culturas, oferece maior eficiência no uso da água e nutrientes. Como espécie perene nativa, oferece uma gama de serviços ambientais como a conservação ou até mesmo recuperação da biodiversidade, à medida que áreas degradadas serão substituídas por bosques de macaúba.
Com isso, haverá cobertura vegetal, conservando o solo e sua biota, contribuindo para a recuperação de mananciais de água e servindo de fonte de alimento para aves e outros animais nativos. Seu cultivo será feito utilizando as melhores práticas agrícolas e ambientais, favorecendo a captura de carbono e a redução de emissão de CO² da semente ao combustível.
Sobre a Acelen
A Acelen é uma empresa de energia, proprietária da Refinaria de Mataripe e seus ativos logísticos na Bahia. Foi criada pelo Mubadala Capital, subsidiária de gestão de ativos da Mubadala Investment Company, um investidor soberano líder global, com sede em Abu Dhabi.
A empresa nasceu com o objetivo de evoluir o setor de energia e participar ativamente da transição energética no Brasil. Em seu primeiro ano, anunciou investimentos expressivos, de R$ 1,1 bilhão, que resultaram em eficiência operacional e aumento da capacidade de produção em 22%, equivalente a 290 mil barris de petróleo/dia. A companhia já representa cerca de 14% da capacidade total de refino do Brasil. Também é líder na comercialização de parafina na América Latina e maior exportadora do estado baiano.
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