O primeiro trimestre de 2025 tem sido amargo para a indústria química e petroquímica baiana. A produção do setor encolheu 11,3% só em março, comparado ao mesmo mês de 2024. No acumulado dos três primeiros meses do ano, a retração já é de 7%.
Os dados, divulgados pelo IBGE, confirmam o que o setor vinha sinalizando: o cenário é de crise — e não conjuntural, mas estrutural. Segundo a Abiquim, o nível de ociosidade nas plantas chegou a 40% no primeiro bimestre.
Quase metade da capacidade instalada parada. Um desperdício de escala, de tecnologia e, principalmente, de potencial econômico.
Os motivos são múltiplos e preocupantes. Falta de matéria-prima, plantas hibernadas, operações interrompidas, demanda interna fraca, problemas energéticos.
Uma combinação que desmonta qualquer possibilidade de competitividade.
A pergunta que não quer calar: como um setor que já foi símbolo de excelência industrial chega a esse nível de estagnação?
Falta política industrial. Falta previsibilidade regulatória. Falta um plano que enxergue o setor como parte da solução econômica.
Enquanto isso, a Bahia vê seu setor estratégico perder força, empregos e relevância.
E o país segue importando produtos que poderia — e deveria — produzir aqui.
GAC Motor mira o Nordeste
A montadora chinesa GAC Motor confirmou investimento de R$7,35 bilhões no Brasil pelos próximos cinco anos. O pacote inclui uma fábrica em Catalão (GO) e um centro de pesquisa e desenvolvimento dedicado a veículos elétricos, híbridos e híbridos flex.
E é exatamente esse centro que acende a disputa entre estados nordestinos. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, esteve em Pequim esta semana e fez o dever de casa: sinalizou o interesse em trazer o hub tecnológico para o estado.
Salvador, aliás, já sai na frente. Foi a cidade escolhida para sediar, em março, a primeira concessionária da GAC no Brasil. Um gesto que pode não ser só simbólico.
Mas a concorrência é dura.
Pernambuco e Ceará também entraram no jogo, com zonas industriais em crescimento e políticas públicas agressivas para atrair investimentos em tecnologia e indústria verde.
A pergunta que se impõe: a Bahia está disposta a ir além das intenções diplomáticas e oferecer um ambiente competitivo de verdade?
Com um mercado em plena transição energética, o Nordeste tem a chance de assumir a dianteira da nova indústria automotiva no país.
Quem hesitar, perde.
Já vai tarde!
A ViaBahia finalmente deixou a concessão das BRs 324 e 116.
Fica o registro: uma das piores concessões da história recente. Prometeu muito, entregou pouco, ou quase nada.
Quem assume agora é o Dnit, com planos já em curso para recuperar o que a concessionária ignorou por anos: tapa-buracos, limpeza, sinalização decente e drenagem.
Parece básico, né? Mas virou luxo sob a antiga gestão.
Serviços essenciais como guinchos, ambulâncias e controle de animais seguirão funcionando. Os radares também.
Enquanto isso, o governo federal prepara nova licitação. Espera-se, sinceramente, que venha algo minimamente digno.
A previsão é concluir o processo no primeiro semestre de 2026. Até lá, não haverá cobrança de pedágio.
Que seja uma concessão para beneficiar a população, não os acionistas.
E como se não bastasse o caos que deixou, a ViaBahia ainda sai com uma indenização de quase R$1 bilhão.
Um prêmio por descumprir contrato, penalizar motoristas e travar a economia.
Um escárnio.
Fim de uma era? Esperamos que sim.
E que a próxima comece com respeito ao usuário e seriedade com a infraestrutura. Já passou da hora.

Bahia dispara no turismo internacional
A Bahia segue em alta como destino internacional. De janeiro a abril deste ano, o estado recebeu mais de 83 mil turistas estrangeiros, num salto de 61,4% em relação ao mesmo período de 2024.
O desempenho coloca a Bahia acima da média nacional, que registrou crescimento de 51% na chegada de visitantes de fora do país no primeiro quadrimestre.
Os dados são da Embratur, Polícia Federal e Ministério do Turismo.
Entre os países que mais enviaram turistas ao estado, a Argentina lidera com folga: foram mais de 39 mil visitantes.
Portugal, Uruguai e França também aparecem entre os principais emissores.
O crescimento reforça o potencial da Bahia como vitrine turística global e destaca a força da sua oferta cultural, natural e histórica na atração de estrangeiros.
Vendas em supermercados despencam
Depois de 28 meses seguidos em ritmo de crescimento, o setor varejista baiano sentiu o baque: as vendas recuaram 5,6% em março, em comparação com o mesmo mês de 2024. O dado do IBGE por si só já preocupa.
Mas o que realmente acendeu o alerta foi a queda nas vendas de supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas.
Uma baixa de 8,5%, a primeira em 21 meses na Bahia.
Em um país onde o consumo básico dita o pulso da economia, essa retração é mais do que estatística.
É um termômetro do bolso do consumidor e ele parece estar cada vez mais apertado.
A exceção no cenário foi o setor de farmácias e perfumarias, que cresceu 10,1%.
Mas nem isso alivia o sinal amarelo: se até a compra de alimentos começou a encolher, é hora de olhar com mais atenção para o que está por trás dessa freada.
Inflação? Endividamento? Queda na renda real?
Tudo isso pode estar no pacote.
O fato é: o setor que vinha sustentando o fôlego do comércio está, pela primeira vez em quase dois anos, perdendo tração. E isso merece ser levado a sério.
Do sertão à liderança regional
O Grupo JCPM está celebrando nove décadas de atuação com uma trajetória marcada por visão estratégica, compromisso com o desenvolvimento regional e investimentos de peso no Nordeste.
Com raízes firmes no interior de Sergipe, onde iniciou suas atividades em 1935 com uma pequena mercearia, o grupo tornou-se referência nacional, com forte presença nos setores de shopping e empreendimentos imobiliários.
Sob a liderança de João Carlos Paes Mendonça, o JCPM ampliou fronteiras, consolidando-se como um agente de transformação econômica e social.
Atualmente, o grupo administra sete dos 11 shoppings em que tem participação — presentes na Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe.
Esses empreendimentos geram mais de 40 mil empregos diretos e indiretos.
Somente nos últimos 20 anos, investiu R$5,6 bilhões em projetos que somam 1,5 milhão de m² construídos.
Entre as novas iniciativas, destacam-se a expansão do Salvador Norte Shopping, que ganhará 9,4 mil m² e um supermercado Mix Mateus, além da revitalização de áreas comuns.
Tem ainda a ampliação do RioMar Recife; a construção do empresarial RioMar Fortaleza 2; e o avanço do condomínio Praia de Guadalupe, no litoral pernambucano.
Mais que celebrar o passado, o JCPM reafirma seu compromisso com o futuro do Nordeste.
Agro sustenta exportações
A balança comercial da Bahia registrou US$854 milhões em exportações no mês de abril, uma queda de 9% em relação ao mesmo período de 2023.
A agropecuária foi o único destaque positivo do mês, com crescimento expressivo de 44,4% nas exportações, impulsionada por commodities como soja e algodão.
Em contraste, a indústria de transformação recuou 38,6%, enquanto a indústria extrativa teve queda de 19,2%, indicando um enfraquecimento da atividade industrial.
As importações também caíram, somando US$ 795,4 milhões (recuo de 21,8%) em linha com o arrefecimento da economia e a menor demanda por insumos industriais e bens de capital.
O resultado acende um sinal de alerta sobre a dependência do setor agropecuário no desempenho externo baiano e evidencia a fragilidade da indústria local diante de um cenário econômico adverso.
Exposição agropecuária
Até o dia 25, Itapetinga recebe a 53ª Exposição Agropecuária, um dos eventos mais importantes para o setor pecuário no interior da Bahia.
Realizado no Parque de Exposições Juvino Oliveira, o evento movimenta cerca de R$ 100 milhões, um volume significativo para a economia local.
Entre as atrações, a Exposição Brasileira do Mangalarga destaca-se ao reunir os campeões da raça em um dos encontros mais prestigiados do país.
O Encontro Mulheres do Agro, com sua mesa redonda, sinaliza avanços importantes para a inclusão e fortalecimento feminino num setor historicamente dominado por homens.
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