Início de ano promissor para a indústria de calçados da Bahia. Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, em janeiro, foram embarcados 319.817 pares ao exterior, o que gerou US$6.311.049. Os números são maiores em volume (10,8%) e em receita (-0,1%) em relação ao primeiro mês do ano passado.
Em faturamento, a Bahia é o 4º maior exportador de calçados do país. E olha que interessante: em janeiro, a Paraíba exportou 2.162.174 de pares, ou seja, quase sete vezes a mais que a Bahia. A receita dos paraibanos, porém, foi bem menor: US$4.847.108. Minas Gerais, por sua vez, também exportou mais pares (638.647 no total). A receita obtida ficou em US$3.179.990.
Por que isso aconteceu? Simples, o valor médio dos pares exportados. Na Bahia, o VM em janeiro foi de US$19,73, ou seja, são calçados mais sofisticados. Na Paraíba, US$2,24 e em Minas US$4,98.
No primeiro mês de 2025, o principal exportador de calçados do Brasil foi o Rio Grande do Sul. No período, as fábricas gaúchas embarcaram 2,62 milhões de pares, que geraram US$ 37,6 milhões, quedas tanto em volume (-12,1%) quanto em receita (-17,5%) em relação a janeiro de 2024. Na sequência, apareceram Ceará (5 milhões de pares e US$ 27,42 milhões, incrementos de 34,8% e 30,3%, respectivamente, ante 2024) e São Paulo (514,1 mil pares e US$ 7,2 milhões, incremento de 23,5% em volume e queda de 2,7% na receita gerada).
Dados gerais
No total, o Brasl embarcou para o exterior 11,46 milhões de pares, o que gerou US$88,3 milhões. Os números são maiores em volume (+11,4%) e menores em receita (-2,7%) em relação ao primeiro mês do ano passado. O o dado aponta para uma pequena recuperação sobre uma base fraca do ano passado, explicada pelo crescimento do chinelo na pauta exportadora e pela desvalorização do real perante o dólar, o que permite preços mais competitivos para a exportação. Em janeiro, o valor médio do calçado embarcado foi de US$ 7,71, 12,6% menor do que no mesmo mês de 2024 (US$ 8,82).
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que o quadro no cenário internacional permanece igual ao registrado no final do ano passado, com muitas incertezas econômicas, agora somadas à possibilidade de uma guerra comercial travada entre os Estados Unidos e a China.
“O cenário, ao longo de 2025, é uma incógnita. Ao mesmo tempo em que a tarifa imposta por Trump aos calçados chineses pode ajudar o Brasil no mercado norte-americano, esses calçados produzidos na China tendem a inundar mercados cativos para o nosso produto no exterior, principalmente na América Latina”, comenta. Segundo Ferreira, apesar do crescimento em volume, em janeiro, os níveis de exportação se mantiveram abaixo da média anual dos últimos cinco anos (12,23 milhões de pares), o que aponta para a manutenção do quadro de uma “demanda internacional desaquecida”.
Destinos
Em janeiro, o principal destino do calçado verde-amarelo no exterior foi os Estados Unidos, para onde foram embarcados 1,13 milhão de pares por US$ 19 milhões, incremento de 4,2% em pares e queda de 11,5% na receita gerada. Na sequência, apareceram a Argentina (635,6 mil pares e US$ 10,36 milhões, alta de 14,2% em volume e queda de 6,3% em receita no comparativo com o mesmo mês de 2024) e a França (380,6 mil pares e US$ 4,9 milhões, incrementos de 14,7% e 54,3%, respectivamente).
Importações seguem em elevação
Assim como em 2024, quando as importações cresceram mais de 26% em volume, a entrada de calçados estrangeiros no Brasil seguiu em alta no mês de janeiro. No primeiro mês do ano, foram importados 3,32 milhões de pares por US$ 47,96 milhões, incrementos tanto em volume (+18,1%) quanto em receita (+29%) em relação ao mesmo período de 2024.
As principais origens seguiram sendo os países asiáticos, que responderam por 90% dos calçados que entraram no Brasil. A principal origem de janeiro foi o Vietnã, de onde foram importados 1,24 milhão de pares por US$22,47 milhões, incrementos de 55% e 31%, respectivamente, ante o primeiro mês de 2024. Na sequência, apareceram a Indonésia (742,5 mil pares e US$12 milhões, incrementos de 113,5% e 111,6%, respectivamente, ante o ano passado) e China (719,8 mil pares e US$5 milhões, queda de 34,7% em volume e incremento de 16,6% em receita).
Em partes de calçados – palmilhas, solas, saltos etc -, as importações de janeiro somaram US$5,53 milhões, 47% mais do que no mesmo intervalo de 2024. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã.
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