O governo do estado anunciou oficialmente, na última quarta-feira, que rompeu o contrato com a Skyrail – o consórcio formado pela BYD e Metrogreen e que venceu a licitação para implantar o VLT do Subúrbio. O distrato ocorre dois anos e meio após a assinatura do documento. Muito tempo perdido.
Inicialmente, o VLT custaria R$1,5 bilhão e entraria em operação já no ano que vem. Em meio à pandemia de Covid, o projeto se arrastou, foi modificado, recalculado e, no final, a conta subiu para R$5,2 bilhões. Impossível seguir adiante.
Na quinta-feira, o governador Jerônimo Rodrigues garantiu que até o final deste mês ou início do próximo o governo irá lançar uma nova licitação para a construção do modal.
O que ficou de tudo isso, até agora, foi o fim melancólico do trem do Subúrbio.
O sistema atendia a uma população pobre, carente, preta, que pagava apenas 50 centavos para se deslocar até a Estação da Calçada.
Dali, muitas mulheres iam até a Feira de São Joaquim para vender mariscos e garantir o sustento da família.
Sem o trem, muita gente perdeu o meio de sobrevivência. Pior: milhares de pessoas dependem agora exclusivamente do ônibus, cuja tarifa custa quase dez vezes mais que o antigo trem.
Essa história não pode cair no esquecimento.
O governo precisa ser mais claro e dizer o que será feito a partir de agora. Precisa achar uma solução que atenda aos interesses da população do Subúrbio, facilite a sua mobilidade – com conforto e segurança – e sobrevivência.
O Brasil desligado
O Brasil desligou e o cidadão e a economia pagaram um preço bem caro esta semana. O apagão parou o metrô de Salvador, fechou o comércio, suspendeu aulas, interrompeu os serviços em milhares e milhares de empresas, impactou o Polo de Camaçari, afetou o abastecimento de água, aborreceu e irritou.
O varejo baiano perdeu, por hora de apagão, R$2,2 milhões.
Em Camaçari, após o retorno da energia, as indústrias levaram mais algumas horas para retomar suas operações em conformidade com todos os procedimentos de segurança requeridos em tais situações. Prejuízo de alguns milhões de reais.
O sistema elétrico brasileiro é um dos mais robustos do mundo. Mês a mês o país tem ampliado a oferta de energia, principalmente a partir de fontes renováveis. Para completar, os reservatórios estão cheios, e as usinas produzindo energia como nunca.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reuniu a imprensa para falar do apagão. Na longa entrevista, o mais importante, não foi dito. O que causou a falha no sistema elétrico que parou o país por algumas horas?
Lá pelas tantas, o ministro disse que acionou a Polícia Federal e a Abin para apurar se houve ação intencional em apagão.
Em outras palavras; se alguém ou algum grupo sabotou o sistema elétrico nacional. Uma espécie de atentado contra a segurança nacional. Terrorismo. Será?
Pedra fundamental
Fora do VLT, a BYD foca na implantação das fábricas de automóveis, de ônibus e caminhões e de beneficiamento de lítio no Polo de Camaçari. O CEO da gigante chinesa, Wang Chuanfu, estará na Bahia em outubro para lançar a pedra fundamental da unidade.
A partir daí o trabalho será em ritmo chinês, ou seja, alucinante. A ordem é iniciar a produção dos primeiros veículos elétricos no final de 2024.
Com investimento de R$3 bilhões, a planta terá capacidade para fabricar até 150 mil automóveis por ano.
A unidade será um “espelho” da planta que existe em Changzhou, China. Ou seja, terá o mesmo layout, áreas fabris e departamentos que já existem na Ásia.
A BYD pretende enviar, em breve, para a matriz cerca de 100 brasileiros de diversas áreas para receber treinamento e ajudar a implementar os processos internos no Brasil.
Os números (bons e ruins) do emprego
O mercado de trabalho da Bahia deu uma pequena reagida. No segundo trimestre do ano, a taxa de desocupação no estado ficou em 13,4%. Um ponto percentual menor que o índice do primeiro trimestre (14,4%).
Com este resultado, a Bahia deixou de ser a campeã do desemprego no Brasil. O título – nada honroso – é ocupado agora por Pernambuco. Essa é a partir boa da história.
A parte ruim vem agora. Em números absolutos, a Bahia tem hoje 932 mil pessoas desempregadas.
É mais que toda a população de Feira de Santana e Camaçari reunida. Para completar, o estado tem ainda 510 mil pessoas desalentadas
O desalento ocorre quando uma pessoa gostaria de trabalhar, mas desiste de procurar emprego por acreditar que não vai conseguir de jeito nenhum.
Se não bastasse, há outros 3,176 milhões de trabalhadores na informalidade, ou seja, sem qualquer direito trabalhista ou amparo previdenciário.
Para completar, a renda média do trabalhador baiano – de apenas R$1.836 – é hoje a mais baixa do país.
Perceberam o drama do mercado de trabalho baiano? Como resolver isso?
Abre aspas
“Ele [Bolsonaro] me deu carta branca para fazer o que eu quisesse relacionado às urnas. Eu poderia, segundo ele, cometer um ilícito que seria anistiado, perdoado, indultado no caso”
Walter Delgatti Neto, Programador
Anote
- O setor hoteleiro de Salvador não tem do que se queixar do mês de julho. Com as férias escolares na Região Sudeste do país, os hotéis da capital baiana registraram, no mês passado, uma taxa de ocupação de 63,95%. Foi o melhor índice para um mês de julho em mais de uma década. A taxa, inclusive, ficou acima do mês de fevereiro (62,86%). Com a grande procura, os hotéis aumentaram os preços das diárias. O valor médio ficou R$498,19. Em junho, foi de R$466,05.
- A Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra) espera lançar ainda este ano a licitação para a requalificação e modernizaçãodo Aeroporto de Barreiras. Os investimentos previstos são da ordem de R$100 milhões. A obra prevê a ampliação da pista de pouso e decolagem e do pátio de aeronaves, além de um novo terminal de passageiros. Com isso, será capaz de receber aeronaves de grande porte. É bom lembrar que o projeto se arrasta há anos. O equipamento é considerado estratégico para o desenvolvimento da região. Tomara que destav vez saia mesmo do papel.
O número
R$ 46,124 bilhões
É a estimativa para o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) deste ano, na Bahia, com base nas informações de julho. O número representa uma queda de 7,6% em relação ao ano de 2022. O faturamento das lavouras é estimado em R$37,841 bilhões e o da pecuária de R$8,283 bilhões. No país como um todo o VBP deve avançar 1,7%, de acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura. A soja, sozinha, vai responder por mais de 35% de toda a receita do setor agropecuário baiano este ano. Em números absolutos é mais de R$16,449 bilhões. O algodão vem sem seguida, com R$5,996 bilhões.
Semana que vem
- Sexta-feira o IBGE divulga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de agosto. Há dados para a Região Metropolitana de Salvador.
- Também na sexta o IBGE divulga a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017-2018: Evolução dos Indicadores não Monetários de Pobreza e Qualidade de Vida no Brasil. Há dados para a Bahia.
A coluna A SEMANA é publicada aos sábados. O espaço traz um resumo das notícias mais importantes da semana, sempre com um tom mais crítico e analítico. Além da indústria, aborda temas como o comércio, turismo, política, educação, esporte, cultura, dentre outros. O objetivo é contribuir para formar opinião, esclarecer fatos, desmentir outros, e deixar você ainda mais informado.
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