O plano de recuperação judicial (RJ) apresentado em novembro de 2022 pela Paranapanema S.A. e suas controladas CDPC (Centro de Distribuição de Produtos de Cobre Ltda) e Paraibuna Agropecuária Ltda, foi aprovado nesta quinta-feira (24/8), em assembleia geral de credores. A proposta foi validada por todas as classes de credores. “Demos um grande passo para avançar na retomada da empresa”, disse Marcelo Milliet, o CEO da companhia que assumiu o posto para conduzir a RJ.
A companhia tem dívidas concursais da ordem de R$479,8 milhões, sendo R$199 milhões em créditos classe I (trabalhistas, escritórios de advocacia e assemelhados), R$9,4 de créditos Classe II (credores com garantia real), R$265 milhões em créditos Classe III (quirografários: créditos sem garantia), e R$5,2 milhões em créditos Classe IV (pequenas e micro empresas).
Os créditos classe I até 150 salários mínimos serão liquidados em até um ano a partir da homologação. A parcela dos créditos trabalhistas que superarem 150 salários mínimos será paga em 48 parcelas a partir do 25º mês da homologação do plano, com deságio de 50%.
O plano prevê pagamento dos credores de garantias reais em até 72 parcelas a partir do 25º mês da homologação do plano. Já no caso dos credores quirografários, as dívidas até R$15 mil serão pagas entre 3 parcelas ao longo de 21 meses e a parcela que ultrapassar esse valor será paga em 48 parcelas a partir do 25º mês da homologação, com deságio de 50%. Dívidas de pequenas e microempresas até R$11 mil, serão pagas em até 12 meses.
Vantagens
O plano aprovado cria vantagens para empresas que continuam a fornecer produtos e serviços para a Paranapanema. Os credores de todas as classes poderão também converter as dívidas em ações da companhia.
O plano prevê ainda a criação de UPIs para a venda da Eluma, unidade industrial da Paranapanema especializada na produção de produtos acabados de cobre (tubos e conexões), da marca Eluma, sendo que o Banco BTG já foi contratado para assessorar a empresa na venda dessas duas UPIs.
Além das UPIs da Eluma estão previstas a criação de UPIs com créditos presentes na carteira da Paranapanema, e de ativos imobiliários não operacionais da companhia. Os recursos apurados nos processos de alienação serão destinados à liquidação de dívidas junto aos credores da empresa que detém garantias fiduciárias sobre esses ativos.
A Paranapanema é a maior produtora brasileira não-integrada de cobre refinado, vergalhões, fios trefilados, laminados, barras, tubos, conexões e suas ligas. A empresa responde por 100% do volume de cobre refinado (cátodos) produzido no Brasil.
O processo de recuperação está a cargo da Íntegra Associados, uma das principais consultorias do mercado especializada em reestruturação de empresas.
Atualmente, a Paranapanema tem uma dívida de aproximadamente US$500 milhões com garantia de cessões e alienação fiduciárias junto a um grupo de 11 credores, a qual não é sujeita à recuperação judicial e cuja negociação está em curso.
Sobre a Paranapanema
A Paranapanema possui três plantas industriais, sendo uma produtora de cobre refinado ou cobre primário, localizada no município de Dias D’Ávila (BA) – Caraíba Metais – e duas plantas de produtos de cobre e suas ligas, uma localizada no município de Santo André (SP) e uma no município de Serra (ES) – Eluma.
A Paranapanema é a única empresa do setor no país que realiza laminação a quente para produtos de cobre e a única empresa brasileira que produz cobre (cátodo) de alta qualidade, certificado com o grau A (maior pureza 99,9%) nas bolsas de Londres e de Shanghai.
A companhia é também a única produtora de ácido sulfúrico da Região Nordeste. A empresa é listada na B3 desde 1971 sob o ticker PMAM3, e integra o segmento de governança corporativa do Novo Mercado desde fevereiro de 2012.
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