A Veracel – gigante do setor de celulose do Brasil, com uma produção anual de 1,1 milhão de toneladas – iniciou esta semana a maior parada geral de manutenção de sua história. Realizada a cada 15 meses, a ação deste ano envolve a participação de 2.903 profissionais temporários da Bahia e de outras regiões do país. Se não bastasse, a ação irá injetar cerca de R$10 milhões na economia de pelo menos 11 municípios baianos, considerando a contratação de mão de obra, hospedagem, alimentação, fornecedores de transporte locais, dentre outros serviços utilizados.
“A parada geral consiste na interrupção da produção durante alguns dias para a realização de manutenções, a fim de assegurar o bom funcionamento dos equipamentos e, principalmente, garantir ainda mais segurança aos nossos colaboradores”, destacou o diretor industrial da empresa Ari Medeiros, durante entrevista exclusiva ao IndústriaNews.
Além da manutenção de rotina de todos os processos da fábrica, localizada no município de Eunápolis, Ari Medeiros diz ainda que uma das principais atividades deste ano é a lavagem da caldeira de recuperação química da unidade, estrutura utilizada para a fabricação de celulose e que gera energia, aproveitada no próprio processo de fabricação. É a primeira vez que este tipo de serviço é realizado.
O diretor industrial da Veracel informou que, como toda parada geral industrial, o processo da Veracel para a PG deste ano envolveu três fases: planejamento, execução e a repartida. A primeira etapa foi desenvolvida pela companhia durante 15 meses, para que o período de execução, que ocorre neste momento, pudesse ser aproveitado da melhor forma. Após o término oficial da PG, que ocorre no dia 19 deste mês, a companhia então acionará a etapa de repartida da unidade, retomando paulatinamente a operação regular da fábrica, com tecnologias e aprimoramentos implementados durante a manutenção.

A parada geral atende à Norma Regulamentadora 13 (NR-13), que estabelece as condições de inspeção e segurança para a operação de vasos de pressão, caldeiras e tubulações. É uma atividade extremamente minuciosa, em que todos os processos são revisados e equipamentos inspecionados. É neste momento que ocorrem as intervenções necessárias para garantir a confiabilidade da operação, trazendo segurança para os processos e para as pessoas (colaboradores e comunidade).
Isso demanda muitos profissionais e dezenas de especialistas que são contratados na própria região e em outros municípios, estados e países. Esse movimento requer logística e infraestrutura que contemplam transporte, acomodações, refeições e outros, incentivando fortemente a movimentação da economia das cidades. Ari Medeiros conta que a Veracel e as empresas parceiras envolvidas neste processo têm como foco a contratação de mão de obra e fornecedores de produtos e serviços locais.
Do total de trabalhadores que atuam na PG, 557 são das cidades de Eunápolis, Itapebi, Itagimirim e Belmonte. Cerca de 1.400 profissionais ficarão em hotéis nas cidades de Eunápolis, Porto Seguro, Itapebi, Itagimirim, Belmonte e Santa Cruz Cabrália. Há também um aumento na geração de impostos para os municípios nesses períodos.
Para realizar a PG, a Veracel adotou medidas de proteção contra a Covid-19. Será obrigatório o uso de máscaras cobrindo a boca e nariz para utilização de transportes da empresa e em situações de aproximação menor que 1,5 m entre duas ou mais pessoas, além ser imprescindível ter o esquema vacinal completo para atuar na PG e testagem Covid em um período máximo de 72 horas antes do acesso.
A empresa
Fundada em 1991, a Veracel é uma empresa de capital fechado. Suas operações abrangem 11 municípios da Costa do Descobrimento, no Extremo-Sul da Bahia. Toda a produção da empresa, de 1.100.000 toneladas de celulose branqueada de fibra curta de eucalipto, é comercializada para os seus dois acionistas – metade vai para a Stora Enso e outra metade para a Suzano. A empresa irá alcançar no segundo semestre a produção histórica de 20 milhões de toneladas.
A Veracel gera mais de 3,2 mil empregos próprios e de terceiros. Anualmente, desembolsa cerca de R$745 milhões em compras no estado da Bahia e contribui com mais de R$130 milhões em arrecadação de tributos municipais, estaduais e federais.
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