As importações brasileiras de produtos químicos totalizaram US$5,4 bilhões em janeiro de 2023, o que representa um aumento de 7,7% em relação ao total de janeiro de 2022, mas uma redução de 2,2% na comparação com o último mês (dezembro) do ano passado. Em termos de quantidades físicas, desde agosto de 2022, quando foi registrado o teto de 6 milhões de toneladas, os volumes importados seguem recuando mensalmente, sendo que, pela primeira vez, desde janeiro de 2022, as importações mensais não superam 4 milhões de toneladas. A alta do valor importado reflete um movimento internacional de elevação de preços, estimulado pela crise energética internacional, em especial do gás, após o advento do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Na contramão da tendência de redução dos volumes totais importados, entretanto, uma danosa política de redução tarifária, adotada unilateralmente em um contexto internacional complexo e em momento econômico extremamente inoportuno, fez com que as importações de resinas termoplásticas tivessem um aumento de 25,6% na comparação com julho do ano passado, mês imediatamente anterior ao início dos efeitos de tal equivocada decisão, e de 43,4% em relação ao mês de janeiro de 2022, totalizando praticamente 285 mil toneladas.
Já as exportações, de US$1,2 bilhão, demonstraram estabilidade (-0,3%) quando comparadas com janeiro de 2022 e um modesto avanço (3,9%) em relação a dezembro. No primeiro mês de 2023, o volume de pouco mais do que 1,2 milhão de toneladas sinaliza um aumento de 4% em relação a janeiro de 2022 e de 9,9% na comparação com dezembro passado, mas significativos recuos nas quantidades físicas vendidas ao exterior de produtos químicos de orgânicos (-14,3%) e de resinas termoplásticas (-14,2%).
O resultado da balança comercial para janeiro de 2023 foi de um déficit de praticamente US$4,2 bilhões, acumulando o valor de US$ 63,4 bilhões nos últimos 12 meses (fevereiro de 2022 a janeiro de 2023), respectivamente novos recordes para tais períodos de acompanhamento conjuntural.
Ano decisivo
Para a Diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna, 2023 deverá ser um ano decisivo para o setor, de formatação de uma Política de Estado, de longo prazo, de reindustrialização e de competitividade, alicerçada em ampla interlocução com os setores produtivos, avaliação dos impactos econômicos, respeitando as particularidades de cada setor; previsibilidade e segurança jurídica; reciprocidade e respeito às regras fundamentais do Mercosul e da OMC.
“O Brasil possui uma janela importante de oportunidades para se reindustrializar com suas vantagens comparativas. Contudo, elas somente se tornarão vantagens competitivas caso haja previsibilidade regulatória e fortalecimento de uma agenda robusta de competitividade, conciliando políticas de estímulo industrial e de comércio exterior, de maneira equilibrada e condicionada às demais entregas de reformas estruturais da economia brasileira, incorporando medidas objetivas de facilitação de comércio, de garantias normativas ao sistema de defesa comercial e tratando do acesso a mercados para produtos brasileiros via negociação de acordos comerciais estratégicos. A indústria química tem muito a devolver ao Brasil em termos de investimentos, geração de empregos e de renda, que podem elevar o país a outro patamar de desenvolvimento”, destaca Fátima Giovanna.
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