A chegada de um navio da BYD ao Portocel, em Aracruz (ES), na última quinta-feira (27), trazendo 5.524 veículos elétricos e híbridos das linhas Dolphin, Song e Yuan, acendeu um novo alerta na indústria automotiva nacional. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) manifestou preocupação com o impacto da crescente importação de carros no mercado brasileiro e voltou a pressionar o governo federal pelo aumento da alíquota do Imposto de Importação (II).
“A Anfavea ratifica novamente ao governo federal o apelo para que seja apreciada, pelos órgãos competentes, a recomposição imediata dos 35% de II”, diz a entidade em nota.
Segundo a entidade, já há mais de 40 mil veículos importados estocados no país, e a alíquota atual—de 18% para elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos—tem sido insuficiente para conter o avanço das importações. Para a Anfavea, o Brasil se tornou um mercado vulnerável, especialmente para modelos chineses que enfrentam barreiras tarifárias rígidas em outras regiões, como os Estados Unidos (100% de imposto) e a Europa (até 48%).
O volume de veículos chineses vendidos no Brasil triplicou em 2024, ultrapassando 120 mil unidades, sem contar um estoque remanescente de 55 mil veículos. Esse movimento ocorre em um momento de recuperação da indústria nacional, que anunciou mais de R$ 180 bilhões em investimentos em 2023, parte deles voltados à eletrificação.
Cadeia produtiva
A Anfavea destaca que a manutenção desse cenário pode comprometer a cadeia produtiva automotiva, responsável por 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos. A entidade defende a chegada de novas marcas ao Brasil, desde que associada à produção local, ao fortalecimento do setor de autopeças e à geração de empregos. Entretanto, ressalta que diversas montadoras têm adiado o início da fabricação nacional.
Diante desse quadro, a Anfavea reforçou ao governo o pedido para a recomposição imediata da alíquota de 35% do II e a regulamentação do Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), que prevê R$ 60 bilhões em investimentos em pesquisa e desenvolvimento no setor. Para a indústria nacional, a previsibilidade regulatória será essencial para garantir competitividade frente à enxurrada de importações.
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