Apesar do cenário ainda difícil, a enquete “Percepção dos empresários do setor têxtil e de confecção – Agenda 2024” mostrou que 32% deverão aumentar o contingente de funcionários e 28% pretendem manter os quadros sem substituições no ano novo. Preservar o número de postos de trabalho, mas com trocas, é a intenção de 31% dos entrevistados. Dentre estes, 52% apontam como motivo para as mudanças a busca por profissionais mais qualificados, evidenciando o impacto dos investimentos do setor em tecnologias mais modernas e limpas, que demandam mão de obra com conhecimentos específicos.
Os principais desafios são a concorrência com importados sem isonomia de impostos (77% das respostas), carga elevada e guerra fiscal (55%), falta ou alto custo de recursos humanos especializados (43%) e insegurança jurídica/complexidade tributária (43%).
No levantamento, feito pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), as expectativas prioritárias dos empresários para estimular a economia em 2024 são congruentes com as preocupações externadas. Para 67%, é preciso diminuir a complexidade e as obrigações fiscais, reduzindo-se a informalidade e desburocratizando os negócios. Isonomia tributária para a indústria nacional em relação às plataformas internacionais de e-commerce, hoje isentas do Imposto de Importação para vendas de até US$ 50, é um anseio de 64%.
Dentre os respondentes, 63% apontaram a necessidade de mecanismos de fiscalização e controle dos gastos públicos, diminuindo o risco fiscal e combatendo a corrupção. Realizada antes da aprovação da reforma tributária pelo Congresso Nacional, a enquete expressava leve otimismo dos empresários com relação à possibilidade de validação da Proposta de Emenda Constitucional – PEC 45: 54% esperavam sua regulamentação. Porém, somente 7% manifestaram-se satisfeitos com o texto aprovado e 67%, insatisfeitos.
Reforma tributária
“O empresário têxtil reconhece que a aprovação da reforma tributária pelo Congresso Nacional foi uma conquista histórica para o Brasil, mas as muitas exceções e benefícios fiscais incluídos na PEC 45 ao longo de sua tramitação preocupam, porque significarão uma alíquota superior a 27%, a maior do mundo”, explica Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Abit.
“Por outro lado, a derrubada do veto à desoneração da folha de pagamento de 17 setores, depois de meses de muito ativismo da Abit ao lado de outras entidades representativas, proporcionou alívio ao empresariado, que poderá seguir com os planos de manutenção e contratação da mão de obra apontados em nossa enquete”, acrescenta.
Quanto às prioridades para estimular a atividade empreendedora, 72% defendem a redução dos encargos trabalhistas, 67% pedem a diminuição do “Custo Brasil”, 57% preconizam linhas de crédito para modernização do parque fabril e 43%, em especial empresas que já atuam no mercado externo, sugerem políticas públicas que impulsionem as exportações. As quatro ações mais importantes para gerar impacto social positivo são políticas eficazes de educação (94%), saúde (75%), segurança pública (71%) e capacitação profissional (71%).
A preocupação com os princípios de ESG também foi enfática na enquete da Abit, pois, independentemente dos cenários dos negócios, 79% dos entrevistados pretendem reduzir o impacto ecológico, buscando conformidade com as regulamentações da área. Além disso, 57% reportaram que adotarão novas tecnologias nos processos produtivos e 56% ampliarão ou criarão ações de pesquisa & desenvolvimento.
Amostragem do levantamento, realizado entre 21 de novembro e 1º de dezembro, é de 101 empresários. Dentre os respondentes, 36% são de São Paulo, 36% da Região Sul, 17% do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, 4% do Centro-Oeste e do Norte e 7% do Nordeste.
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