A indústria de calçados da Bahia fechou o mês de agosto com recuo nas exportações. Durante o mês passado, foram embarcados para o exterior 300.952 pares, numa queda de quase 22% em relação a igual mês de 2022. A receita, por sua vez, somou atingiu US$5.892.930, o que representa um recuo de 8,9%. Os dados são Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
De acordo com a entidade, o desaquecimento da economia internacional, as altas taxas de juros e o arrefecimento da demanda em países importantes para o calçado brasileiro, como os Estados Unidos, têm impacto direto nos índices do mês passado.
“Esperamos alguma melhora nos últimos meses do ano, mas mesmo assim devemos fechar 2023 com índices entre 6,7% e 9,1% inferiores aos registrados em 2022 (em pares)”, projeta o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ressaltando que, mesmo com o resultado, os índices ficarão acima dos registrados na pré-pandemia, em 2019.
No ano, porém, os números são melhores. De janeiro a agosto, a indústria baiana exportou 2.876.314 de pares, queda de 7,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O faturamento, porém, aumentou 27,7%. Isto se explica porque o valor médio do par exportado no estado pulou de US$14,79 para US$20,49.
País
No país como um todo, entre janeiro e agosto, as exportações do setor somaram 82,28 milhões de pares, que geraram US$$823,15 milhões, quedas de 15,7% em volume e de 6,6% em receita no comparativo com o mesmo período do ano passado. Segregando apenas o mês de agosto, as exportações foram de 9,34 milhões de pares e US$ 95,6 milhões, quedas de 12,8% e de 18,6% em relação ao mesmo mês de 2022. Ante a pré-pandemia, entre janeiro e agosto de 2019, o setor ainda registra índices positivos, de 9,2% em volume e de 26,7% em receita.
Mesmo representando pagamentos em função da medida do Banco Central da República Argentina (BCRA) que alterou as condições de acesso ao Mercado Único de Câmbio para pagamento de importações, causando atrasos de até seis meses nos pagamentos, a Argentina segue como o principal destino do calçado brasileiro no exterior.
Entre janeiro e agosto, foram embarcados para lá 10,76 milhões por US$ 168 milhões, queda de 8,1% em volume e incremento de 32% em receita no comparativo com o mesmo período do ano passado. “A Argentina, apesar da crise econômica interna e das mudanças no acesso ao mercado de câmbio, que vem prejudicando nossas exportações para lá, é um mercado cativo para o nosso calçado”, avalia Ferreira.
Os Estados Unidos, segundo destino do calçado brasileiro no exterior, também vem sendo afetado pela queda na demanda e juros históricos, o que tem impactado as exportações verde-amarelas para lá. Entre janeiro e agosto, foram embarcados para os Estados Unidos 7,34 milhões de pares por US$161 milhões, quedas de 48,8% em volume e de 34,6% em receita no comparativo com intervalo correspondente do ano passado.
O terceiro destino dos oito meses do ano foi a França. Entre janeiro e agosto, foram embarcados para lá 2,1 milhões de pares por US$ 39,1 milhões, queda de 58,7% em volume e de 10,5% em receita em relação ao mesmo ínterim de 2022.
Maior exportador de calçados
O Rio Grande do Sul segue sendo o principal exportador de calçados no Brasil. Entre janeiro e agosto, as fábricas gaúchas embarcaram 24,63 milhões por US$378,7 milhões, quedas de 15,5% em volume e de 8,5% em receita no comparativo com o mesmo intervalo do ano passado.
O segundo maior exportador do período foi o Ceará, de onde partiram 24,9 milhões de pares por US$184,96 milhões, queda de 12,8% em volume e incremento de 1,6% em receita na relação com os oito primeiros meses de 2022.
Na sequência, entre os estados exportadores, apareceram São Paulo (5,33 milhões de pares e US$77 milhões, quedas de 24,4% e de 14,6%, respectivamente) e Bahia (2,87 milhões de pares e US$58,9 milhões, queda de 7,8% em volume e incremento de 27,7% em relação a 2022).
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