A Bahia assumiu, no primeiro semestre deste ano, o quarto lugar no ranking dos maiores exportadores de calçados do país. De janeiro a junho deste ano, a indústria do estado enviou para o exterior 2.252.158 pares, o que gerou uma receita de pouco mais de US$45,087 milhões. Este faturamento significa uma alta de 36,8% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
Com este resultado, a indústria baiana superou os seus concorrentes da Paraíba e de Minas Gerais e fechou o semestre atrás apenas do Rio Grande do Sul, Ceará e São Paulo.
Os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) mostram ainda um dado interessante. Em junho, o valor médio do par de calçados produzido na Bahia ficou em US$22,68 – disparado o maior do país.
Este valor permite que a indústria baiana fature bem mais que os seus concorrentes de outros estados com exportações mesmo embarcando uma quantidade bem menor de produtos.
Os dados elaborados pela Abicalçados apontam que, no primeiro semestre do ano, foram embarcados, em todo o país, 64,74 milhões de pares, que geraram US$ 626,5 milhões, quedas de 13,6% e 3,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Segregando o mês de junho, as exportações de calçados somaram 7,4 milhões de pares e US$ 88,12 milhões, quedas de 30,3% e 22%, respectivamente, ante o mesmo mês de 2022.
Preocupação
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, demonstra preocupação com a queda dos embarques, mesmo que estes estejam acima dos índices registrados na pré-pandemia, em 2019.
“Naquele semestre, estávamos com números 13% inferiores em volume e 30% inferiores em receita na relação com os registros de 2023. O fato é que a pandemia desregulou o mercado e agora estamos passando por um ajuste. O ano passado foi extraordinário em todos os seus números, sendo natural que haja uma queda em função daquela base de comparação elevada. Mas a queda está sendo mais acelerada do que imaginávamos”, comenta.
Por outro lado, o executivo destaca que não é somente a base de comparação a “culpada” pelos índices negativos. “Existe um desaquecimento da economia internacional, principalmente dos Estados Unidos, o nosso principal destino de calçados. Evidentemente, existe um impacto no setor”, acrescenta.
Destinos
No primeiro semestre, o principal destino dos calçados brasileiros no exterior foi a Argentina. No período, foram embarcados para lá 7,84 milhões de pares por US$128 milhões, queda de 4,3% em volume e alta de 41% em receita na relação com o mesmo intervalo do ano passado.
Com a economia fragilizada e altos estoques, os Estados Unidos vêm comprando menos calçados brasileiros em 2023. No primeiro semestre, os embarques para lá somaram 5,32 milhões de pares e US$111,77 milhões, quedas de 38,5% e 55,5%, respectivamente, ante mesmo ínterim de 2022.
O terceiro destino internacional do primeiro semestre foi a França, que importou 1,78 milhão de pares verde-amarelos por US$ 30,7 milhões, quedas de 61,2% e 16,6% ante o mesmo período do ano passado.
Nordeste aliviou
Os dados divulgados pela Abicalçados indicam que os estados do Ceará e da Bahia aliviaram a queda das exportações de calçados. Principal exportador de calçados em volume, o Ceará embarcou, no semestre, 20 milhões de pares por US$148,43 milhões, queda de 11% em volume e incremento de 4% em receita na relação com o mesmo intervalo do ano passado. O quarto maior exportador do semestre foi a Bahia, que embarcou 2,25 milhões de pares por US$45 milhões, queda de 0,8% em volume e alta de 36,8% em receita no comparativo com o mesmo período do ano passado.
O Rio Grande do Sul segue sendo o estado que mais arrecada divisas com as exportações de calçados. No primeiro semestre, partiram das fábricas gaúchas 18,12 milhões de pares por US$273,56 milhões, quedas de 16,4% e 8,6%, respectivamente, ante período correspondente do ano passado.
O terceiro estado exportador de calçados do Brasil no semestre foi São Paulo. No período, as indústrias paulistas embarcaram 4,33 milhões de pares por US$59,9 milhões, quedas de 11,5% e 7,8%, respectivamente.
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