*Por Patrícia Zanlorenci, CEO da Vellore Ventures
Nas últimas décadas, têm surgido no mundo inteiro startups especializadas em diversos segmentos, como fintechs, insurtechs, healthtechs, govtechs, entre outras. Nesse período, o setor da construção civil no Brasil deu um salto em termos de transformação digital, graças ao apoio das chamadas construtechs, que estão revolucionando a área com o uso da tecnologia e trazendo cada vez mais oportunidades.
Uma pesquisa da Sling Hub, plataforma de inteligência de dados, apontou que, em 2022, foram investidos mais de US$5,2 bilhões em startups no Brasil. Para 2023, a expectativa é de um cenário de crescimento. No entanto, para colocar uma ideia inovadora em prática, os empreendedores precisam correr atrás de recursos que vão além da questão financeira. Uma equipe competente e uma rede estratégica de pessoas com experiência no mercado de inovação e tecnologia, por exemplo, podem orientar a startup rumo ao crescimento.
De acordo com uma pesquisa da iugu, plataforma de automação financeira, as empresas emergentes conseguem deslanchar depois de 11 meses, em média. O estudo “Causa da mortalidade de startups brasileiras”, da Fundação Dom Cabral, também mostra que pelo menos 25% das startups quebram no primeiro ano de atividade. Por isso, os empreendedores devem estar preparados para lidar com os desafios inerentes aos primeiros passos do negócio. Com as construtechs não é diferente, embora algumas particularidades precisem ser levadas em consideração para garantir a sustentabilidade da marca em longo prazo.
De acordo com uma pesquisa da iugu, plataforma de automação financeira, as empresas emergentes conseguem deslanchar depois de 11 meses, em média
A falta de capital é um dos maiores gargalos para as startups, bem como a escassez de orientações e de conhecimento a respeito da área de atuação. Por isso, o modelo venture builder vem crescendo, com o intuito de garantir a assistência necessária a essas companhias na condução inicial para contornar os desafios. Dessa maneira, é preciso entender a fundo a realidade dos clientes, ouvindo o que eles têm a dizer. Mapear as dores e as ferramentas ideais para preencher essas lacunas é fundamental.
No caso do mercado de construção civil e de materiais de construção, torna-se ainda mais importante o contato próximo com o cliente e esse intercâmbio de ideias, tendo em vista que o setor é tradicionalmente mais resistente à adoção de novas tecnologias. Assim, ao tentar incorporar uma inovação por meio de uma construtech, é necessário pensar em produtos e soluções altamente relevantes para o segmento. Desde o início do planejamento, a marca deve estar alinhada às necessidades dos usuários.
Outro desafio para as construtechs no começo da jornada é a conquista de credibilidade por parte dos clientes. Sem cases de sucesso para apresentar, pode parecer difícil demonstrar a relevância do produto. Por isso, os empreendedores devem ser resilientes e buscar empresas que se mostrem dispostas às novas ideias. Nesse sentido, é importante ter na ponta da língua um bom pitch. Saber se vender pode ser um dos principais segredos para um empreendedor no ramo das construtechs. Além disso, é essencial demonstrar domínio sobre o seu negócio e apresentar as informações de forma coerente e atrativa.
O mercado vem crescendo e a tendência é que ganhe cada vez mais relevância. Conforme a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), a construção civil representa cerca de 7% da economia do Brasil, empregando 10% dos trabalhadores brasileiros. Apesar dos desafios, o segmento tem muito espaço para a inovação, com diversas oportunidades para as startups.
* Por Patrícia Zanlorenci, CEO da Vellore Ventures, braço de inovação do Grupo Vellore
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