A Paranapanema – a maior produtora brasileira não integrada de cobre refinado e de produtos de cobre (vergalhões, fios trefilados, laminados, barras, tubos, conexões e suas ligas) – anunciou na noite desta sexta-feira (17/3) que fechou o exercício de 2022 com um prejuízo líquido da ordem de R$1,921 bilhão, o que representa um crescimento de 140% em relação a 2021. A companhia, que está em recuperação judicial, obteve no ano passado uma receita líquida de R$2,006 bilhões, numa redução de 57% em relação a 2021.
Somente no quarto trimestre de 2022, o prejuízo da empresa chegou a R$1,212 bilhão, uma alta de 544% em relação a igual período do ano anterior. Já a receita líquida do 4T22 foi de R$167 milhões para um volume de vendas de apenas 9.478 toneladas de produtos de cobre, refletindo os impactos da falta de fontes de financiamento para capital de giro.
No 4T22 a geração de caixa operacional foi negativa em R$36,9 milhões e no ano foi positiva em R$217,8 milhões, incluindo a venda de ativos não operacionais de R$68,2 milhões e demais ações para a manutenção da continuidade operacional.
“Nesse quarto trimestre de 2022 o principal foco da companhia foi o de assegurar a continuidade das operações em meio às dificuldades de obtenção de crédito para capital de giro”, disse a Paranapanema em mensagem aos acionistas e ao mercado. A companhia afirmou ainda que a “administração e auditores entendem que o atual momento pode indicar a existência de incerteza relevante que levanta dúvida quanto à capacidade de continuidade operacional”.
O pedido de recuperação judicial da companhia foi aceito pela Justiça de São Paulo em dezembro passado. Segundo a empresa, previamente ao pedido de recuperação judicial a companhia firmou acordos de fornecimento de matéria-prima para suprir parte das necessidades das plantas industriais de Dias D’Ávila (BA), Utinga (SP) e Serra (ES).
A Paranapanema recorreu à recuperação judicial depois de registrar dificuldades de crédito junto a fornecedores de matérias-primas e insumos e de enfrentar um incidente na planta de Dias D’Ávila, em junho do ano passado, que resultou na paralisação das operações por 38 dias e impactou o equilíbrio financeiro da operação. Atualmente, a empresa tem uma dívida já renegociada de R$2,6 bilhões junto a instituições financeiras, cujas garantias estão atreladas a direitos creditórios e ativos reais da companhia. Este montante não integra o pedido de recuperação judicial apresentado à Justiça paulista.
No relatório divulgado nesta sexta-feira, a empresa diz que não efetuou o pagamento da parcela semestral do Acordo Global com Credores em dezembro e não cumpriu com os covenants (cláusulas contratuais que são estabelecidas pelo credor em um título de dívida) em 31 de dezembro de 2022. Entre os principais credores da empresa estão o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Scotiabank Brasil, Cargill Finance e BNP.
PREOCUPAÇÃO COM A PARANAPANEMA
Em dezembro passado, a Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública onde discutiu os impactos econômicos e sociais com o possível fechamento da companhia. O debate atendeu a um requerimento do deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), que diz estar acompanhando com preocupação as notícias do histórico de dificuldades da companhia.
“A Paranapanema é a única empresa a transformar o cobre mineral em metal no Brasil e atua na fundição, refino de cobre primário e na produção de semimanufaturados do metal e suas ligas. Além disso, as atividades da companhia são responsáveis por atender grande parte da cadeia industrial do setor”, afirma o parlamentar. “Consideramos que um possível fechamento de qualquer unidade da Paranapanema resultará em enormes impactos econômicos e sociais para os estados onde a referida empresa está sediada, uma vez que centenas de trabalhadores poderão perder os seus empregos”, acrescentou.
A Paranapanema foi fundada em 1961 e tem capital aberto desde 1971, integrando o Novo Mercado da B3 desde 2012. Possui três unidades fabris. Na matriz, localizada em Dias D’Ávila, na Bahia, são produzidos cátodos, fios e vergalhões, além de coprodutos de cobre, como lama anódica e ácido sulfúrico. Com 2,2 mil colaboradores, é dona de marcas consagradas no mercado como Eluma e Caraíba
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