As exportações de calçados da Bahia cresceram entre janeiro e maio deste ano, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com base nos números divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O estado embarcou 1,84 milhão de pares no período, alta de 23,9% frente ao mesmo intervalo de 2024. A receita também subiu, embora de forma mais tímida: US$ 34,88 milhões, avanço de 1,6%.
Em maio, porém, o desempenho foi negativo. Foram exportados 324,7 mil pares, gerando US$6,06 milhões. Queda de 6,1% no volume e de 26,1% na receita em comparação com o mesmo mês do ano passado.
O Rio Grande do Sul segue sendo o principal exportador de calçados do Brasil. Em maio, as fábricas gaúchas embarcaram ao exterior 2,26 milhões de pares por US$34,83 milhões, incrementos tanto em volume (+11,5%) quanto em receita (+7%) em relação ao mês cinco de 2024. No acumulado do ano, partiram do Rio Grande do Sul rumo ao exterior 13,75 milhões de pares por US$ 200,34 milhões, incremento de 4,6% em volume e queda de 0,4% em receita na relação com o mesmo intervalo do ano passado.
A segunda origem das exportações brasileiras de calçados é o Ceará, que em maio embarcou 1,77 milhão de pares por US$16,47 milhões, queda de 3,6% em volume e incremento de 11% em receita na relação com maio de 2024. No acumulado do ano, as fábricas cearenses embarcaram 15,37 milhões de pares por US$90 milhões, incremento de 11,2% em volume e queda de 2,3% em receita na relação com o mesmo intervalo do ano passado.
No terceiro posto entre os exportadores do setor aparece São Paulo. Em maio, as fábricas paulistas embarcaram 713,6 mil pares por US$ 10,14 milhões, incrementos tanto em volume (+22,1%) quanto em receita (+21,2%) em relação ao mês cinco de 2024. No acumulado do ano, partiram de São Paulo 3,1 milhões de pares por US$44,25 milhões, incrementos tanto em volume (+23,6%) quanto em receita (+14,2%) em relação ao mesmo ínterim do ano passado.
Importações seguem em elevação
As importações de calçados, sobretudo da Ásia, seguem em elevação. Em maio, entraram no Brasil 2,86 milhões de pares por US$38,2 milhões, incrementos tanto em volume (+11,8%) quanto em receita (+12,3%) em relação a maio de 2024. No acumulado do ano, foram importados 19,37 milhões de pares por US$227,15 milhões, incrementos tanto em volume (+25,6%) quanto em receita (+21,4%) em relação ao mesmo período do ano passado.
As principais origens das importações, no acumulado de 2025, foram a China (7,2 milhões de pares e US$20 milhões, aumentos de 12% e 5,5%, respectivamente, ante o mesmo período de 2024), Vietnã (5,3 milhões de pares e US$104 milhões, incrementos de 22,6% e 17,2%, respectivamente) e Indonésia (3,63 milhões de pares e US$ 58,95 milhões, incrementos de 72,7% e 64,5%, respectivamente).
Em partes – cabedais, saltos, solados, palmilhas etc -, as importações dos cinco primeiros meses do ano somaram US$19 milhões, 33,2% mais do que no mesmo período de 2024. As principais origens foram China, Vietnã e Paraguai.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que os dados refletem as instabilidades provocadas pela guerra tarifária entre Estados Unidos e China.
“Apesar de a guerra comercial fazer com que compradores norte-americanos busquem fornecedores alternativos aos chineses, a China segue aumentando suas exportações, agora para o próprio Brasil e para mercados importantes para o calçado brasileiro, caso de países da América Latina”, explica. Segundo ele, no quadrimestre as exportações de calçados da China cresceram mais de 19% para países da América do Sul. “Essa concorrência desleal, com produtos muito baratos, está tirando mercado do Brasil nos países vizinhos”, acrescenta.
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