A Bahia dará um salto estratégico na indústria de energia limpa com a implantação da primeira fábrica de vidro solar do mundo fora da China. O investimento de R$1,8 bilhão será realizado pela Homerun Brasil no município de Belmonte, no extremo sul do estado, com expectativa de gerar 600 empregos diretos e outros 2.800 indiretos. A planta será dedicada à produção de painéis fotovoltaicos de alta performance a partir da sílica de elevada pureza encontrada exclusivamente na região.
O empreendimento foi formalizado nesta segunda-feira (12) com a assinatura de um Memorando de Entendimentos (MoU) entre a Homerun Brasil, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti), a Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás) e a Prefeitura de Belmonte. A unidade industrial utilizará tecnologia de ponta e integrará a cadeia produtiva de energia renovável, posicionando a Bahia como novo player global na indústria fotovoltaica.
O presidente da CBPM, Henrique Carballal, destacou a dimensão do projeto e sua relevância histórica. “Hoje é um dia histórico para o estado da Bahia. Nós estamos cumprindo uma determinação do governador Jerônimo Rodrigues, potencializando as riquezas minerais do nosso estado por meio de um projeto que, acima de tudo, traz uma tecnologia inovadora, revolucionária e única no mundo”, afirmou.
A matéria-prima, a areia silicosa de alta pureza, será extraída no distrito de Santa Maria Eterna, em Belmonte, em área sob concessão da CBPM. Segundo a empresa, a qualidade da sílica baiana é única no mundo, o que permitirá a fabricação de vidro solar com eficiência energética até duas vezes superior à dos modelos convencionais. “Nenhum outro lugar do planeta tem uma sílica com esse nível de pureza”, afirmou Antonio Vitor, CEO da Homerun Brasil.
A fábrica também contará com suporte logístico e energético. A Bahiagás garantirá o fornecimento contínuo de gás natural em alta pressão, essencial para o funcionamento dos fornos de fusão. “Esse é um insumo decisivo para garantir estabilidade no processo produtivo e a qualidade do vidro solar”, explicou Luiz Gavazza, presidente da companhia.
Infraestrutura
Do ponto de vista de infraestrutura e formação de mão de obra, a Secti vai articular ações com universidades, institutos federais e escolas técnicas. “Nossa meta é garantir que, quando a planta estiver operando, tenhamos profissionais baianos plenamente capacitados para atuar nessa indústria de alta tecnologia”, afirmou o secretário André Joazeiro.
A Prefeitura de Belmonte cederá o terreno para a fábrica e será responsável por mobilizar a mão de obra local, com o compromisso de que 70% dos postos operacionais e 30% dos técnicos sejam preenchidos por moradores da região. Para o prefeito Iêdo Elias, o projeto marca uma virada econômica para o município. “Esse investimento muda completamente o patamar de Belmonte e coloca nosso nome no cenário global”, declarou.
Além do impacto econômico e tecnológico, o projeto prevê diretrizes de sustentabilidade ambiental, como o reaproveitamento de água, o uso exclusivo de energia limpa e um fundo social voltado à educação e inclusão produtiva da população local.
A construção da fábrica terá início nos próximos meses, segundo o presidente da CBPM, Henrique Carballal. “O governador Jerônimo Rodrigues irá anunciar, em breve, a data da cerimônia de lançamento da pedra fundamental. A construtora já está contratada e todas as etapas do projeto estão em curso para garantir máxima eficiência na execução”, disse.
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