A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic (juros básicos da economia) em 1 ponto percentual e de indicar mais duas altas da mesma magnitude recebeu críticas do setor produtivo. A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) considera que a elevação da taxa Selic para 12,25% pelo Copom é uma medida excessivamente restritiva que prejudica a recuperação econômica e amplia os desafios enfrentados pelo setor produtivo, induzindo a redução de investimentos e gerando perda de competitividade.
“A taxa de juros real no Brasil, acima de 8% ao ano, está entre as mais altas do mundo, configurando um aperto monetário desnecessário, num contexto em que a inflação acumulada em 12 meses, de 4,87%, próximo do teto da meta”, disse a entidade, em nota.
A Fieb lembra que o Governo Federal anunciou medidas fiscais com potencial de reduzir as despesas primárias em R$30,5 bilhões em 2025 e R$41,2 bilhões em 2026, fortalecendo o novo arcabouço fiscal e promovendo maior alinhamento entre as políticas fiscal e monetária. Essas iniciativas buscam contribuir para um ambiente econômico mais estável e equilibrado, necessário para impulsionar o crescimento.
“Em contraponto à política monetária brasileira, bancos centrais de países desenvolvidos, como o Federal Reserve e o Banco Central Europeu, têm adotado reduções nas taxas de juros, reconhecendo a importância de estimular o crescimento econômico. Essa abordagem internacional contrasta com a elevação dos juros no Brasil, que impactam negativamente a atividade produtiva, o mercado de trabalho e a geração de renda”, afirma o comunicado.
CNI
Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera “incompreensível e totalmente injustificada” a decisão do Copom. Para a CNI, manter o ciclo de alta da Selic iniciado em setembro já configuraria um erro do Banco Central. Intensificar esse ritmo, como a autoridade monetária escolheu, portanto, não faz sentido no atual contexto econômico, marcado pela desaceleração da inflação em novembro e pelo pacote efetivo de corte de gastos apresentado pelo governo federal.
“Além disso, a decisão do Banco Central ignora a desaceleração da atividade econômica, já observada no PIB do terceiro trimestre, e a tendência de redução de juros nas principais economias globais, como os Estados Unidos, que partem para o terceiro corte seguido nos juros na próxima semana”, diz a entidade.
Segundo a CNI, intensificar a alta da Selic, diante desse cenário, custa caro para a economia e para a população, pois significa menos investimentos e, consequentemente, menos emprego e renda.
E a CNI ainda alerta: para investir, os empresários precisam estar confiantes, o que depende, entre outros elementos, de um ambiente econômico positivo, para o qual a política monetária não tem contribuído. Com isso, temos observado piora no nível de confiança dos empresários industriais. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), da CNI, caiu nos três últimos meses e, em dezembro, registrou 50,1 pontos, o que indica que os empresários estão deixando de lado o otimismo com a economia e rumando para uma situação de pessimismo.
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