As montadoras instaladas no Brasil produziram no ano passado 2,37 milhões de veículos (automóveis, picapes, caminhões e ônibus), o que representa uma alta de 5,4% sobre 2021 – acima dos 4% que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) previa. Contribuiu para este bom desempenho a sensível redução nas paralisações de fábricas no segundo semestre, com uma melhora parcial no fluxo de componentes eletrônicos. Os dados foram divulgados na manhã desta sexta-feira (6/1) pelo presidente da Anfavea Márcio de Lima Leite.
O balanço mostra ainda números positivos de exportação e de estabilidade nas vendas. “Depois de um primeiro quadrimestre muito difícil em função da falta de semicondutores, o setor acelerou o ritmo e conseguiu atender parte da demanda reprimida nos mercados interno e externos”, afirmou Márcio de Lima Leite.
Segundo ele, para este ano, a expectativa é de um aumento de 2,2% na produção de autoveículos, com 2,42 milhões de unidades. Espera-se alta de 4,2% para automóveis e comerciais leves e queda de 20,4% para caminhões e ônibus. O segmento de pesados será impactado pela mudança da regra de emissões para o Proconve P8, que deve provocar um inevitável reajuste de preços.
Mercado interno
Mantendo a tradição, dezembro foi o mês de maior volume de vendas no ano, com 216,9 mil unidades licenciadas, superando em 4,8% o mesmo mês do ano passado. O acumulado de 2022 chegou a 2,104 milhões de unidades, apenas 0,7% abaixo do acumulado de 2021, confirmando o quadro de estabilidade que já era previsto pela Anfavea desde a metade do ano.
Automóveis e ônibus tiveram melhor desempenho que no ano anterior, mas a queda de caminhões e comerciais leves puxou para baixo o resultado geral. Para 2023, a entidade projeta vendas de 2,17 milhões de autoveículos, uma alta de 3% sobre 2021. Mais uma vez, os leves deverão puxar o número, com elevação estimada em 4,1%, ante queda de 11,1% dos veículos pesados.
Exportações
Este foi o indicador mais positivo da indústria automotiva em 2022. A Anfavea já projetava uma alta de 22%, mas os 480,9 mil autoveículos exportados no ano representaram um crescimento de 27,8% sobre 2021. O que não deixa de ser surpreendente, dadas as restrições de comércio exterior impostas pela Argentina em crise. Em contrapartida, o sensível crescimento dos embarques para todos os outros mercados latino-americanos, em especial México, Colômbia e Chile, permitiram esse bom resultado no ano.
Em valores, as exportações tiveram alta ainda maior, de 37,6%, por conta do envio mais significativo de veículos com maior valor agregado, como SUVs, caminhões e ônibus. Para 2022, a expectativa é de ligeira queda de 2,9% ainda puxada pela Argentina. A Anfavea estima exportação total de 467 mil unidades.
Expectativas
Na primeira coletiva de imprensa de 2023, o presidente da Anfavea destacou que o Brasil tem uma série de lições de casa a serem feitas para que o mercado deixe de andar de lado como nos últimos anos.
“A questão do crédito é o tema mais urgente a ser atacado. Precisamos de juros mais baixos para atrair mais compradores para os veículos novos, sobretudo os modelos de entrada. Além disso, temas como a reindustrialização e a descarbonização nos impõem desafios e oportunidades. Vamos continuar mantendo o diálogo com os novos governantes em nível federal e estadual, além dos parlamentares, de forma a contribuir para o fortalecimento da nossa indústria ante uma conjuntura global cada vez mais competitiva”, destacou Márcio de Lima Leite.
Agenda prioritária da Anfavea para 2023
- Reindustrialização e fortalecimento da cadeia de suprimentos
- Descarbonização: Eletrificação, Biocombustíveis, Gás, etc
- Renovação da frota e inspeção técnica veicular
- Mobilidade e investimentos em infraestrutura
- Estímulo a pesquisa, desenvolvimento e inovação
- Retomada da venda a prazo
- Redução dos custos de produção e comercialização
- Redução do custo tributário
- Apoio ao pequeno e médio agricultor
- Promoção às exportações
- Novos acordos comerciais
- Previsibilidade
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