Ainda cercada por máquinas, tapumes e estruturas em construção, a megafábrica da BYD em Camaçari, na Bahia, já deu seus primeiros sinais de vida. A montadora chinesa apresentou, nesta terça-feira (1º/7), os primeiros veículos montados em sua nova unidade. Embora ainda sem operação plena e com automóveis montados em regime SKD (semidesmontados), o momento tem um peso simbólico relevante: após quatro anos e meio, a Bahia retorna ao grupo dos estados produtores de veículos, agora alinhada com a transição energética global.
Instalada no mesmo terreno antes ocupado pela Ford, a unidade ainda é, majoritariamente, um canteiro de obras. São 4,6 milhões de metros quadrados sendo transformados com a construção de 26 galpões, pistas de teste, estruturas para fornecedores e vias internas. O projeto final promete um complexo ao menos três vezes maior do que o deixado pela montadora americana — uma mudança de escala que posiciona a planta baiana como a maior operação da BYD fora da continente asiático.
Para efeito de comparação, toda a estrutura da Ford, em sua fase de pleno funcionamento, contava com 180 mil m² de área construída. Só o galpão onde foram apresentados os primeiros veículos montados pela BYD já soma 156 mil m². Quando tudo estiver pronto, a expectativa é que o complexo mude o patamar industrial da região.
O investimento total previsto é de R$5,5 bilhões, dos quais R$1,5 bilhão já foi aplicado, segundo Alexandre Baldy, vice-presidente Sênior e Head Comercial e de Marketing da empresa. “Estamos transformando Camaçari em uma potência para o futuro. Esse complexo fabril representa uma vitória da inovação, da sustentabilidade e da confiança no Brasil. A BYD chega com tecnologia, investimentos e propósito: fazer parte do próximo capítulo do setor automotivo nacional. O que estamos vendo hoje na Bahia é um marco na reindustrialização do país e um grande salto tecnológico. A BYD agora é uma empresa feita por brasileiros para brasileiros”, destacou.

Primeira fase
Nesta primeira fase, os automóveis – BYD Dolphin Mini, Song Pro (GL/GS) e King (GL/GS) – ainda não serão comercializados. Eles chegam ao Brasil parcialmente montados, com carrocerias já pintadas, e passam apenas pelo encaixe de alguns elementos finais. É o chamado regime SKD. A produção 100% nacional deve começar em até 12 meses, conforme previsto no contrato firmado com o governo da Bahia. A expectativa da montadora é encerrar o ano com 50 mil unidades produzidas, número que deve triplicar em 2026, com a meta de atingir 150 mil veículos.
A cerimônia de apresentação dos primeiros modelos montados em Camaçari reuniu executivos da BYD, autoridades locais e jornalistas do Brasil e do exterior. Estiveram presentes o governador Jerônimo Rodrigues, secretários estaduais, prefeitos da região metropolitana de Salvador e representantes da cadeia produtiva. Durante a solenidade, o governador enfatizou o simbolismo do momento e a vocação da Bahia para liderar uma nova fase da economia verde.
“Nós estamos em uma caminhada muito forte, para garantir que a Bahia possa continuar sendo destaque na produção de energias renováveis. Se a Bahia produz e tem um potencial muito forte de energia eólica, solar e biomassa, a gente quer trazer para aqui, para próximo, aquelas indústrias que são potenciais consumidores dessas energias. Então, fico feliz com essa iniciativa da BYD em vir à Bahia”, disse Jerônimo.

Stella Li, vice-presidente Executiva Global e CEO da BYD Américas e Europa, reforçou o foco em inovação tecnológica e o compromisso com o país.
“A BYD é uma empresa feita por engenheiros e uma das que mais investem em pesquisa e desenvolvimento no mundo. Toda essa tecnologia agora está presente na nossa fábrica brasileira. Levamos apenas 15 meses entre iniciar as obras e entregar o primeiro veículo em caráter experimental da nossa linha de produção. Esse é um momento histórico não apenas para a BYD, mas para o futuro da mobilidade sustentável em toda a América Latina. Escolhemos a Bahia pela força de seu povo, pela mão de obra capacitada e por acreditarmos no potencial transformador dessa região”, afirmou.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Carlos Henrique Passos, também avaliou positivamente o impacto da chegada da BYD na cadeia produtiva local. “São instalações grandiosas. Isto aqui não tem nada a ver com que a Ford fez. São instalações novas. Isto mostra o investimento que está sendo feito, uma indústria moderna, tudo isso traz uma perspectiva de adensamento da cadeia industrial da Bahia e a geração de mais empregos”, declarou.

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