A Cosan, conglomerado brasileiro com atuação em setores estratégicos como agronegócio, energia e logística, deu um novo passo rumo à diversificação de seu portfólio. O grupo assinou um memorando de entendimentos com o Eurasian Resources Group (ERG), do Cazaquistão, para avaliar a aquisição da Bahia Mineração (Bamin). A informação foi divulgada pela coluna de Lauro Jardim, em O Globo.
O interesse não parou por aí: segundo a apuração, representantes da Cosan já iniciaram conversas com o governo federal, sinalizando o avanço das tratativas. O movimento acontece meses após a companhia se desfazer de sua participação na Vale, o que, para o mercado, pode indicar uma estratégia de reposicionamento no setor mineral.
A Bamin, no entanto, está longe de ser uma aquisição trivial. O ativo carrega um passivo financeiro relevante e exigirá investimentos robustos — estimados em cerca de US$5,5 bilhões — para alcançar seu pleno potencial operacional. Mesmo assim, fontes próximas às negociações afirmam que a Cosan vê valor no projeto, sobretudo no longo prazo, e está pesando os riscos com cautela.
Controlada pelo ERG, gigante global com mais de 75 mil funcionários e presença em 15 países, a Bamin é um player estratégico no cenário baiano. A empresa opera uma jazida de minério de ferro em Caetité, é concessionária do primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e participa da implantação do Porto Sul, em Ilhéus, um eixo logístico pensado para destravar o escoamento mineral no estado.
Atrativo
O principal atrativo, no entanto, está na qualidade do minério. Com teor de ferro em torno de 65%, a matéria-prima da Bamin se enquadra na categoria premium, ou seja, gera menor emissão de CO₂ no processo siderúrgico, demanda menos energia e água em seu beneficiamento e contribui para práticas mais sustentáveis na indústria do aço. Em um momento em que a descarbonização avança na pauta global, trata-se de um diferencial competitivo relevante.
Se confirmada, a investida da Cosan poderá não apenas reposicioná-la no setor de mineração, mas também reforçar a importância da Bahia no mapa da infraestrutura estratégica nacional.
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