O Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari está em alerta sobre os rumos da instalação da montadora chinesa BYD na cidade. A entidade teme que a promessa de uma nova fase industrial se transforme, na prática, em um centro logístico com poucos empregos gerados.
O presidente do sindicato Júlio Bonfim esteve na Câmara de Vereadores de Camaçari, anteontem, para reforçar o compromisso da categoria com a defesa dos trabalhadores. Em seu pronunciamento, ele manifestou preocupação com a possibilidade de Camaçari virar apenas um ponto estratégico para distribuição de veículos semi-montados, com baixo índice de produção local.
Entre os pontos levantados pelo sindicalista, está a operação crescente da BYD com navios próprios. Atualmente, são quatro embarcações com capacidade para 28 mil veículos por viagem. Número que deve dobrar até 2026, com navios transportando até 58 mil carros.
A empresa também planeja inaugurar uma nova rota marítima direta entre China e Brasil, reduzindo pela metade o tempo de transporte e facilitando as importações.
SKD
Outro fator de preocupação é o uso do sistema SKD (Semi Knock-Down), no qual os veículos chegam ao país com cerca de 70% de sua estrutura pronta, restando apenas uma montagem final. “Isso reduz drasticamente o número de empregos e o impacto positivo esperado pela comunidade local”, pontua o sindicato.
“O Sindicato dos Metalúrgicos continuará atuando com firmeza, cobrando transparência da empresa e compromisso com o povo de Camaçari e da Bahia. Não aceitaremos que o futuro da nossa cidade seja comprometido por estratégias comerciais de importação disfarçadas de industrialização”, afirma Júlio Bonfim.
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