A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) reuniu terça-feira (29/10), na sua sede, lideranças de indústrias baianas de grande porte para propor a criação de um espaço para a discussão de temas estratégicos, que impactam a competitividade do setor. Representantes de mais de 20 empresas responderam ao chamado e agora fazem parte do Fórum de Grandes Indústrias da Bahia.
O Fórum irá definir temas prioritários e, com o apoio do corpo técnico da Fieb, vai propor ações e buscar articulação com agentes públicos e outras partes interessadas nas soluções. “Nós queremos atrair grandes empresas para o ambiente da Federação, que tem condições de ajudá-las nas causas comuns, pois acreditamos que os desafios têm muito mais chances de serem vencidos de forma coletiva”, afirmou o presidente da Fieb , Carlos Henrique Passos.
De acordo com o superintendente da Fieb, Vladson Menezes, as entidades que compõem o Sistema Fieb atuam para facilitar o ambiente de negócios. “Este espaço está à disposição das empresas e sindicatos e nossa proposta é estabelecer uma agenda comum, que seja relevante para as empresas de grande porte. Mas também é preciso que haja a participação dessas empresas para avançarmos”, disse Menezes.
Responsável pela Coordenação de Grandes Empresas da Fieb, José Ronaldo Maia, explicou que o trabalho do Fórum será dividido em grupos de trabalho, a princípio concentrados nos temas Pós-Reforma – Fundo de Desenvolvimento Regional, Aspectos fiscais e incentivos do Governo da Bahia, Prioridades para infraestrutura da Indústria, Atração de Investimentos para o Estado e Sustentabilidade. “Hoje já tivemos um nível de discussão muito bom e aprofundado. Isso é fundamental, pois, para chegarmos às soluções, temos que ter propostas reais, bem fundadas”, pontuou.
Na visão do diretor de relações institucionais e meio Ambiente da Global Participações de Energia, Juliano Matos, o setor privado tem muito a contribuir com respostas às demandas do setor. “Na construção de estudos, termos de referência para as novas tecnologias que estão surgindo, até municiando o poder público com conhecimento, pois as indústrias que estão aqui entendem muito bem dos seus negócios, sabem o que é preciso fazer para agregar competitividade”, disse.
“Excelente iniciativa, faz total sentido criar esta sinergia. A gente vem num movimento de desindustrialização e precisamos retomar um caminho para a competitividade . Ao criar o Fórum e os grupos de trabalho, a Fieb dá um pragmatismo para as ações”, opinou Carlos Alfano, diretor industrial da Braskem.
Momento atual
O encontro pra a criação do Fórum contou com a participação de Vijay Gosula, sócio sênior da McKinsey em Salvador. Ele falou sobre o momento atual da indústria brasileira. “Não temos uma situação confortável, somos o 17º setor produtivo em comparação a outros países, crescemos menos do que eles nos últimos ano, isso porque o Brasil está posicionado em setores econômicos que crescem menos, tem menos valor agregado”, disse.
Gosula explicou que o país está baseado nas cadeias produtivas de baixo valor e complexidade industrial, por isso tem uma economia “primarizada”, suportada pelas commodities. Porém, o esforço global de descarbonização cria oportunidades enormes, com mais de R$ 2 trilhões de investimentos nos próximos anos. “Precisamos de muitos investimentos em tecnologia para dar este salto”, disse.
Para o sócio sênior da McKinsey, a Bahia segue a tendência nacional, com uma situação pior do que a da indústria nacional, mas com uma janela de oportunidade frente ao processo de descarbonização.
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