O balanço econômico da indústria brasileira em 2025 revelou um setor que, mesmo pressionado por custos, concorrência externa e ajustes regulatórios, conseguiu sustentar crescimento, emprego e investimentos. Nesse cenário, a indústria do plástico se destacou como um dos segmentos mais resilientes da transformação, combinando desempenho econômico consistente e avanço em agendas estruturantes, como a economia circular.
Dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) mostram que o setor encerrou 2025 com mais de 14 mil empresas em operação e 404 mil empregos diretos, mantendo-se como o quarto maior empregador da indústria de transformação. O desempenho confirma a relevância do plástico para a atividade industrial e para cadeias estratégicas da economia brasileira.
Ao longo do ano, o emprego cresceu 1%, sinalizando estabilidade e recuperação gradual. Apenas no primeiro semestre, os investimentos somaram R$5 bilhões, direcionados à modernização industrial, adoção de tecnologias mais sustentáveis e ampliação da capacidade produtiva. No comércio exterior, o setor registrou aumento de 8% nas importações de transformados plásticos – fortemente influenciado pela entrada de produtos chineses, que já respondem por cerca de 60% da pauta – e crescimento de 4% nas exportações, com maior presença nos mercados vizinhos.
A expansão da reciclagem mecânica, aliada a programas de rastreabilidade e ao novo marco da logística reversa, reforçou a agenda de inovação e sustentabilidade do setor, que avançou mesmo em um ambiente econômico desafiador.
Projeções para 2026
Para 2026, as projeções são positivas. A Abiplast estima faturamento de R$168 bilhões e crescimento de 2% na produção. Até 2027, os investimentos previstos somam R$31,7 bilhões, com foco em embalagens sustentáveis, ampliação industrial, logística reversa e tecnologias de reciclagem. A demanda crescente por embalagens, especialmente nos segmentos de alimentos, bebidas e bens de consumo, deve sustentar o ritmo de expansão.
Nesse contexto, a plataforma Recircula Brasil consolidou-se como uma das principais iniciativas estruturantes do setor e um dos legados da COP-30, realizada em Belém. Desenvolvida pela Abiplast em parceria com a ABDI, a ferramenta tornou-se referência nacional em economia circular ao oferecer dados auditados, rastreabilidade completa dos materiais, certificação do uso de conteúdo reciclado e mecanismos de combate ao greenwashing.
Em um ano e meio de operação, a plataforma já rastreou mais de 45 mil toneladas de plástico reciclado, mapeou mais de 420 fornecedores em 13 estados e identificou a origem dos materiais, majoritariamente do comércio atacadista e da indústria de transformação. Os principais setores usuários do conteúdo reciclado são construção civil, moveleiro, bebidas e utilidades domésticas.
O avanço da iniciativa ganhou ainda mais relevância com o anúncio do governo federal de uma empresa pública voltada à gestão e padronização de dados de reciclagem, inspirada no modelo do Recircula Brasil, ampliando a rastreabilidade para toda a economia.
Para o presidente do Conselho da Abiplast e do Sindiplast, José Ricardo Roriz Coelho, a combinação entre desempenho econômico, inovação e economia circular prepara o setor para um novo ciclo de crescimento. Segundo ele, a indústria do plástico entra em 2026 com bases sólidas, investimentos consistentes e uma agenda orientada por eficiência, competitividade e sustentabilidade.
Leia também: Bamaq amplia atuação na Bahia e reforça estratégia de longo prazo
















