No Extremo Sul da Bahia, a celulose produzida pela Veracel percorre um caminho bem definido antes de ganhar o mundo. Em uma engrenagem que funciona 24 horas por dia, a fábrica, localizada em Eunápolis, envia diariamente sua produção ao Terminal Marítimo de Belmonte (TMB), de onde parte em barcaças rumo ao Portocel, no município de Aracruz, já no vizinho estado do Espírito Santo. Todo o processo é marcado pela precisão logística, eficiência operacional e um forte compromisso com a segurança e o meio ambiente.
A logística começa ainda dentro da unidade industrial, onde a celulose é retirada da linha de produção e armazenada em um galpão. De lá, é colocada em caminhões e segue por 60 quilômetros até Belmonte. A operação envolve dez veículos circulando continuamente entre a fábrica e o terminal. “Rodamos 24 horas por dia com esses caminhões, num fluxo constante e organizado”, conta Erico Campinhos, gerente de suprimentos e logística da Veracel.
No terminal de Belmonte, a carga segue para uma das três barcaças que operam em regime de revezamento contínuo. Enquanto uma está sendo carregada no TMB, outra faz o trajeto até o Espírito Santo ou então de volta para a Bahia e uma terceira descarrega no Portocel. Cada embarcação tem capacidade para transportar 7.242 toneladas, o equivalente a pouco mais de dois dias de produção da fábrica. O trajeto até Aracruz leva, em média, um dia.
Essa operação marítima substituiu totalmente a alternativa rodoviária, que originalmente seria responsável por 20% do escoamento até Aracruz. “Se fôssemos transportar tudo por caminhão, seriam cerca de 380 carretas na BR-101 a cada 48 horas”, calcula Campinhos. Além de congestionamento e risco de acidentes, a opção terrestre envolveria custos logísticos bem mais altos, agravados pelas condições da rodovia, que ainda enfrenta problemas como falta de duplicação, sinalização precária e pedágios no trecho capixaba.

As barcaças
A escolha pelas barcaças, que são operadas pela Norsul, uma das líderes em cabotagem no país, trouxe ganhos significativos em segurança, economia e sustentabilidade. Já a movimentação terrestre e interna no terminal é feita pela JSL, outra gigante da logística nacional. No total, mais de 200 pessoas trabalham no TMB, que opera em regime ininterrupto.

Do Portocel, a celulose é embarcada em navios e segue para mercados como Estados Unidos, Europa e China. Toda a comercialização internacional é realizada pelas acionistas da Veracel — a Suzano e a Stora Enso — que recebem, cada uma, 50% da produção anual de aproximadamente 1,1 milhão de toneladas.
O que se vê é um modelo logístico sincronizado, seguro e ambientalmente responsável. Uma engrenagem que conecta o interior da Bahia ao mercado global, com planejamento, inovação e eficiência como motores.
Meio ambiente
Mais que um elo logístico, o Terminal Marítimo de Belmonte também cumpre papel ambiental. No local, a Veracel mantém um centro de reabilitação de tartarugas marinhas e conduz ações de limpeza das praias, retirando lixo plástico e promovendo a preservação da biodiversidade local. Falaremos mais sobre isso em uma outra matéria.
- Durante uma semana, o jornalista Geraldo Bastos, editor do IndústriaNews, percorreu mais de 1.600 quilômetros entre a Bahia e o Espírito Santo para conhecer de perto duas gigantes do setor florestal brasileiro: Veracel e Suzano. A viagem incluiu visitas às unidades industriais de Eunápolis e Mucuri, onde foi possível acompanhar o processo produtivo da celulose e do papel, além de entender como essas empresas têm investido em sustentabilidade, inovação e impacto social. O jornalista também conversou com os principais executivos das companhias, que compartilharam visões sobre o presente e o futuro do setor. Ao longo dos próximos dias, o IndústriaNews irá publicar uma série especial de reportagens revelando os bastidores dessa imersão no setor florestal, mostrando os impactos, os avanços e as contradições que movem uma das cadeias mais estratégicas da economia baiana.
- O jornalista Geraldo Bastos visitou as unidades da Veracel e da Suzano, no Extremo Sul da Bahia, a convite da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf)
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