De 2022 para 2023, o tamanho do setor industrial cresceu na Bahia, pelo quarto ano consecutivo, com aumento no número de unidades locais de empresas industriais, que atingiu um novo recorde na série histórica da Pesquisa Industrial Anual do IBGE (PIA-Empresa), iniciada em 2007. Além disso, o total de pessoas ocupadas aumentou pelo terceiro ano consecutivo e também chegou ao seu maior patamar em 16 anos.
Entretanto, no período, houve um segundo recuo nominal (sem considerar o fator preços) consecutivo no valor gerado pela indústria baiana (uma aproximação da contribuição do setor para o PIB do estado).
Em 2023, estavam ativas, na Bahia, 6.507 unidades locais de empresas industriais com 5 ou mais pessoas ocupadas, um número 5% maior do que em 2022 (6.189), o que representou mais 309 unidades industriais em um ano.
A Bahia manteve o 8º maior número de unidades locais de empresas industriais do país, sustentando a liderança no Norte-Nordeste. O estado respondia por 3,1% das 209.252 unidades no Brasil. São Paulo (61.380 ou 29,3%), Minas Gerais (25.904 ou 12,4%) e Santa Catarina (21.133 ou 10,1%) lideravam.
No país como um todo, também houve aumento no número de indústrias entre 2022 e 2023, de 194.965 para 209.252 (+7,3% ou mais 14.287 em números absolutos), com altas em 26 das 27 unidades da Federação. Espírito Santo foi a única a ter redução (-251 unidades ou -6,6%).
Empregos
As unidades fabris em atividade na Bahia, em 2023, empregavam 252.585 pessoas, um contingente 1,6% maior (mais 3.900 trabalhadores) do que em 2022 (248.685 pessoas ocupadas). Foi o terceiro crescimento consecutivo no emprego industrial no estado, que chegou ao ponto mais alto em 16 anos de série histórica (desde 2007).
No país como um todo, o número de pessoas empregadas cresceu 2,9% entre 2022 e 2023, de 7,779 milhões para 8,007 milhões de pessoas (mais 228.470). Houve alta em 24 dos 27 estados.
Em 2023, as 6.507 unidades locais de empresas industriais em atividade na Bahia empregavam 252.585 pessoas, ambos recordes na série histórica, iniciada em 2007
Apesar do aumento do número de empresas, de 2022 para 2023 o valor da transformação industrial (VTI), ou seja, o valor líquido gerado pelas unidades locais industriais, descontados os custos de produção (uma aproximação do valor agregado pela indústria ao PIB), teve a sua segunda queda nominal (sem descontar a variação de preços no período) consecutiva na Bahia. A indústria baiana gerou um VTI de R$65,024 bilhões em 2023, 8,4% menor do que no ano anterior (menos R$ 5,942 bilhões).
Com essa retração, a Bahia caiu uma posição, voltando a ter o 8º maior valor de transformação industrial do país, posto que ocupou entre 2019 e 2021, superada pelo Amazonas. Em 2022, a Bahia tinha subido para a 7ª posição, onde já havia estado entre 2009 e 2018. A indústria baiana respondia, em 2023, por 2,8% do valor gerado pelo setor nacionalmente, que foi de R$2,363 trilhões, 3,1% inferior ao de 2022.
Em 2023, São Paulo seguiu com o maior VTI entre os estados, posto que detém desde o início da série da Pesquisa Industrial Anual, respondendo por pouco mais de um terço do total geradono Brasil (34,4% do total ou R$ 813,253 bilhões). Em seguida vinham Rio de Janeiro (13,0% do VTI nacional, ou R$306,275 bilhões) e Minas Gerais (11,4%, ou R$269,865 bilhões).
Fabricação de alimentos
Entre 2022 e 2023, o aumento no número de unidades locais industriais na Bahia foi puxado, em termos absolutos, pela fabricação de produtos alimentícios.
As unidades locais desse segmento, que são as mais numerosas, no estado, em todos os 17 anos de série histórica da Pesquisa Industrial Anual, passaram de 1.350 para 1.507, num crescimento de 11,6%, que representou mais 157 unidades em funcionamento, em um ano. Assim, a fabricação de alimentos passou a concentrar 23,2% das indústrias baianas – ou 1 em cada 5.
Por outro lado, a extração de minerais não metálicos foi o segmento que mais perdeu unidades no estado, de 346 em 2022 para 213 em 2023, o que representou menos 133 entre um ano e outro (-38,4%).
Entre 2022 e 2023, a fabricação de alimentos liderou os aumentos absolutos tanto de unidades locais de indústrias (+157) quanto de pessoal ocupado no setor (+3.164), na Bahia
A indústria alimentícia também foi o segmento que mais influenciou no aumento do pessoal ocupado na indústria baiana, entre 2022 e 2023. Passou de 44.246 para 47.410 pessoas ocupadas, num saldo positivo de 3.164 trabalhadores em um ano (+7,2%). Consolidou-se, assim, como o segmento que mais emprega na indústria baiana, posto que ocupa desde o início da serie histórica, em 2007, respondendo por 18,8% dos ocupados no setor (2 em cada 10).
Já a a atividade de preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados teve a maior redução absoluta no número de trabalhadores da indústria baiana, entre 2022 e 2023, caindo de 42.175 para 39.859 pessoas ocupadas (-2.316 ou -5,5%).
Queda no valor gerado
Entre 2022 e 2023, 14 das 28 atividades industriais na Bahia tiveram quedas nominais no valor gerado (VTI). A fabricação de produtos químicos teve o recuo absoluto mais intenso, de R$14,147 bilhões para R$9,430 bilhões, o que representou menos R$ 4,718 bilhões ou -33,3% em um ano, também a maior retração em termos percentuais.
No outro extremo, a metalurgia teve o maior aumento nominal absoluto do valor gerado, passando de R$ 2,386 bilhões para R$ 3,580 bilhões, entre 2022 e 2023 (mais R$ 1,194 bilhão ou +50,1%).
A fabricação de produtos alimentícios veio em seguida, com um aumento de mais R$462,427 milhões no VTI, que subiu de R$10,235 bilhões, em 2022, para R$10,697 bilhões em. 2023 (+4,5%). Com isso, pela primeira nos 17 anos de série histórica, esse segmento passou a ser o que gerou o maior valor nominal na indústria baiana, superando a fabricação de produtos químicos, que havia liderado em 2022.
Nordeste
Apesar da queda no VTI, em 2023 a Bahia manteve sua participação no valor gerado pela indústria do Nordeste estável, em 33,4%, mesmo percentual de 2022. As unidades locais industriais da região geraram, em 2023, R$194,705 bilhões.
Frente a 2014, quando concentrava 41,2% do valor gerado pelas unidades locais industriais do Nordeste, a Bahia teve, até 2028, uma perda de participação de 7,8 pontos percentuais, a maior entre os estados da região.
Nesse período, quem mais ganhou participação no valor gerado pela indústria do Nordeste foi Pernambuco (de 17,2% para 22,7%), seguido pelo Ceará (de 14,4% para 17,1%) e pelo Maranhão (de 5,1% para 6,3%).
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