Pouca gente na Bahia sabe, mas é daqui que saem tecnologias decisivas para a indústria de óleo e gás do Brasil. Fundada em 1982, com sede na Base Naval de Aratu, a MFX Brasil é pioneira nacional na fabricação de cabos umbilicais — estruturas fundamentais para o controle de equipamentos submarinos em campos petrolíferos offshore. Também desenvolve mangueiras termoplásticas de alta pressão e tubos flexíveis.
São 450 funcionários, 60 mil m² de área com cais próprio, e um legado que conecta o litoral baiano às reservas do pré-sal e a outras dezenas de campos petrolíferos ao redor do mundo. Um dos grandes marcos da empresa baiana foi o fornecimento de umbilicais submarinos para o campo de Libra, na Bacia de Santos, considerada uma das maiores descobertas de petróleo em águas profundas no mundo. “Fomos os primeiros a fornecer para o pré-sal. Nosso nome está gravado na história da engenharia offshore brasileira”, destaca Matheus Soares, gerente comercial da MFX.
A empresa baiana é hoje uma das principais fornecedoras da Petrobras e foi reconhecida pela estatal, por cinco anos consecutivos, como a melhor na categoria umbilicais. Com capacidade instalada para produzir 400 km por ano, a MFX exporta tecnologia para vários continentes e abastece grandes polos como Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.
Apesar da atuação global, o DNA baiano e a gestão familiar seguem firmes. A liderança está hoje nas mãos da segunda geração: Giovanni Spinelli Junior, CEO, e Giuliana Magistrini Spinelli, CFO. “Por ser uma empresa familiar, conseguimos tomar decisões estratégicas de forma mais rápida. Isso nos dá vantagem competitiva frente aos gigantes do setor”, afirma Matheus.
Umbilicais hidráulicos, também conhecidos como cabos umbilicais, são sistemas de mangueiras e cabos que permitem a comunicação e o controle de equipamentos submarinos, como poços de petróleo e gás. Eles são utilizados para transmitir energia, fluidos hidráulicos, produtos químicos e sinais entre a superfície e os equipamentos submarinos

Investimentos
A aposta agora é no futuro. Entre 2024 e 2030, a MFX projeta R$ 60 milhões em investimentos, Cerca de R$ 30 milhões já foram realizados. Estão em curso a construção de novos galpões, expansão do cais, duplicação da capacidade fabril e, como destaque, a criação de um centro tecnológico. “Acreditamos que a tecnologia é o caminho do sucesso. Nosso centro vai abrir espaço para parcerias, laboratórios de desenvolvimento conjunto e inovação aberta”, explica o gerente.

Mas nem tudo navega em mar calmo. Um dos grandes gargalos, segundo Matheus, é a limitação da cabotagem no Brasil. “Nossos produtos só podem ser transportados por via marítima e hoje enfrentamos sérios problemas de logística, tanto na Bahia quanto em São Paulo. Chegamos a perder mercado por falta de balsas e limitações portuárias. É algo que precisa ser resolvido para fomentar a indústria local”, alerta o executivo baiano.
Outro desafio é a dependência de insumos de fora do estado. “Queremos ampliar a rede de fornecedores locais. Há oportunidades claras para o desenvolvimento da cadeia produtiva aqui mesmo na Bahia”, defende.
Além do offshore, a MFX também apostou no segmento onshore com o desenvolvimento dos Tubos Termoplásticos Flexíveis (RTP), em parceria com a Petrobras. Trata-se de uma solução mais eficiente e econômica em comparação aos tubos de aço e fibra de vidro usados em dutos terrestres de transporte de óleo e gás.
De Aratu para o mundo, a MFX Brasil prova que inovação e resiliência seguem guiando sua trajetória. “O que nos mantém fortes globalmente é o investimento contínuo em tecnologia. E isso vem da Bahia”, conclui Matheus Soares.
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